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Doenças transmissíveis preocupam em áreas afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique BR

Segundo o Ocha, muitos agora também enfrentam o risco do aumento da insegurança alimentar.
Foto: Unicef/UN0305927/Oatway
Segundo o Ocha, muitos agora também enfrentam o risco do aumento da insegurança alimentar.

Doenças transmissíveis preocupam em áreas afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique

Ajuda humanitária

Segundo Ocha, surto de cólera foi contido, mas casos de malária continuam aumentando; agência também mencionou possível disseminação do HIV.

Mais de dois meses após a passagem do ciclone Idai ter deixado um rastro de destruição na região central de Moçambique, o impacto do desastre natural continua presente no país.

Centro de acolhimento temporário em Moçambique
Centro de acolhimento temporário em Moçambique, by Unicef/UN0308863/De Wet

Segundo o Escritório das Nações Unidas de Assistência Humanitária, Ocha, muitos agora enfrentam o risco do aumento da insegurança alimentar nos próximos meses devido aos danos causados nas plantações e em outros meios de subsistência. 

Doenças

Outra preocupação é com o risco de doenças transmissíveis, que continua alto. Dados do Ocha indicam que o surto de cólera tem sido amplamente contido, inclusive devido ao sucesso da campanha de vacinação oral contra a doença.

No entanto, os casos de malária continuam aumentando em Sofala, por exemplo, onde foram relatadas 26.788 casos da doença até 9 de maio. A disseminação do HIV também continua sendo uma grande preocupação. Entre os motivos, estão as dificuldades financeiras causadas pelo ciclone tropical Idai.

Na província de Sofala, um em cada seis adultos vive com o vírus. De acordo com a ONG Médicos Sem-Fronteiras, existem vários relatos de que o sexo transacional, ou para sobrevivência, pode ter aumentado. Estes casos incluem pessoas que antes nunca tinham se envolvido em trabalho sexual. 

Reassentamentos

O reassentamento de pessoas que não poderão voltar para casa após o ciclone e a inundação continua. De acordo com o Instituto Nacional de Gestão de Desastres, Ingc, o número de pessoas deslocadas que se abrigam nos centros de alojamento na província de Sofala diminuiu de 21.384 pessoas em 5 de maio para 14.044, uma semana depois.

 Famílias no acampamento Samora Michel na Beira, em Moçambique.
Famílias no acampamento Samora Michel na Beira, em Moçambique., by OIM/Sandra Black

Os deslocados internos foram viver em 12 centros de alojamento nos distritos de Beira e Búzi. Todos os centros de acomodação no distrito de Dondo já foram fechados.

O Ocha aponta que cerca de 4.519 lotes de terra foram demarcados para o reassentamento, dos quais 3.815 foram distribuídos. De forma provisória, muitas famílias foram transferidas para locais de trânsito, onde aguardam o reassentamento.

Colaboração

Os agentes humanitários continuam colaborando com o governo da província de Sofala para assegurar que os retornos, transferências e reinstalações sejam seguros, voluntários, dignos e informados. 

Outro foco do trabalho  é relacionado ao acesso das pessoas a serviços sociais básicos nas áreas para onde se mudam e para que que sejam evitadas potenciais tensões entre as pessoas reassentadas e comunidades anfitriãs.

O Ocha destaca que após a passagem do ciclone Idai em Moçambique, mais de 1,62 milhão de pessoas receberam assistência alimentar nas províncias de Manica, Sofala, Tete e Zambézia. Cerca de 58 mil crianças foram beneficiadas com intervenções educativas.