Comissão Económica para África promete apoio a reformas em Angola
Diversificação da economia é uma das prioridades; ONU pede melhoria da gestão da dívida pública e aumento da quota de energias renováveis; medidas podem consolidar posição angolana como uma economia líder em África.
A Comissão Económica das Nações Unidas para África, ECA, estabeleceu quatro áreas principais de cooperação com o Governo de Angola para apoiar a trajetória de desenvolvimento sustentável e a agenda de reformas macroeconómicas do país.
Durante a sua primeira visita oficial a Angola, a secretária executiva da ECA, Vera Songwe, teve conversações de alto nível com as autoridades angolanas em que foram acordadas as áreas prioritárias de apoio.
Prioridades

ONU Photo/Loey Felipe
Restaurar a estabilidade macroeconómica e diversificar a economia no contexto do Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022 são duas das áreas prioritárias de apoio ao país.
Por outro lado, foi também acordada a necessidade de se trabalhar em conjunto na melhoria da gestão da dívida pública e no aumento da quota de energias renováveis no cabaz energético do país.
A ECA reconhece que a agenda de reformas do presidente de Angola, João Lourenço, compreende uma série de medidas de diversificação da economia, tornando-a menos dependente do petróleo.
Entre outras, estão previstas medidas de reestruturação de empresas estatais ineficientes, o fortalecimento da sustentabilidade fiscal do país, a redução da inflação, a promoção da inclusão social e a melhoria do ambiente de negócios para estimular investimentos estrangeiros e locais.
Colaboração
Songwe felicitou o presidente angolano “pelas ousadas medidas de reforma e pelos progressos alcançados” até agora, que, se sustentados, “poderão consolidar a posição de Angola como uma economia líder em África.”
A representante assegurou ao chefe de Estado que “a ECA colabora com os esforços de melhorar a mobilização de recursos internos, a gestão da dívida e a aglomeração no setor privado.
A representante considera que a ECA poderá trabalhar com as autoridades angolanas para oferecer soluções inteligentes que ajudariam o país a poupar recursos que poderiam ser canalizados para outras prioridades de desenvolvimento, “especialmente aquelas que contribuiriam para a inclusão social e promoveriam o crescimento inclusivo.”
Ela reconheceu os passos positivos que Angola já tomou para alargar a sua base tributária, apelando a “um trabalho sério no sentido de melhorar a gestão da dívida pública.”
Energia

PresseBox.de flickr
Os analistas estimam que o peso da dívida pública de Angola ronde os 60% do seu Produto Interno Bruto, PIB.
A secretária executiva da ECA considera também que o fornecimento de energia confiável e mais limpa é fundamental para a diversificação económica de Angola e o seu desenvolvimento sustentável.
A representante apelou ao presidente angolano que tudo seja feito para diversificar o cabaz energético de Angola e aumentar a quota de energia renovável na produção total de energia do país.
Atualmente, 55% da produção de energia angolana é oriunda de centrais alimentadas a combustíveis fósseis.
Matriz
As partes concordaram com a urgência de aumentar a quota de energia renovável, especialmente as centrais solares e a de gás na matriz energética global de Angola.
Sendo a energia um dos setores mais exigentes em termos de financiamento, para economias em desenvolvimento como Angola, a representante considera que é necessário “trabalhar com o governo angolano na proposta de legislação que atraia investimentos privados para este setor e reduza os seus custos no país.”