Guterres: “salvar o Pacífico é salvar o planeta inteiro”
Ao final de visita ao sul da região, chefe da ONU destaca emergência climática global e diz que “riscos são todos reais demais”; António Guterres visitou durante a semana a Nova Zelândia e as ilhas Fiji, Tuvalu e Vanuatu.
Em declarações dadas no final de sua visita ao Pacífico Sul, o secretário-geral das Nações Unidas disse que durante a semana testemunhou “em primeira mão os impactos da mudança climática nos Estados insulares” da região.
António Guterres lembrou que estes países “contribuem muito pouco para a emergência climática global e, no entanto, são os que estão sendo mais afetados”. O chefe da ONU destacou que para alguns deles, “a mudança climática é agora uma ameaça existencial.”
Riscos
Guterres passou pela Nova Zelândia e pelas ilhas Fiji, Tuvalu e Vanuatu. Em Tuvalu, por exemplo, o representante visitou uma área inundada pela subida do nível dos mares, onde encontrou várias famílias que estão com suas casas ameaçadas.
Para o secretário-geral “os riscos são todos reais demais”. Em sua avaliação, ele destacou que” vilas inteiras estão sendo transferidas, meios de subsistência destruídos e pessoas ficando com doenças relacionadas ao clima”.
Guterres acrescentou que “o que é notável nesses países é que, enquanto enfrentam esse enorme desafio, decidiram que não estão desistindo.”
O chefe da ONU apontou que essas nações estão “determinadas a encontrar soluções e desenvolveram formas de aumentar sua resiliência e adaptação” e que além disso “lideram o caminho na redução de emissões e são um exemplo que o resto do mundo deve seguir.”
Vanuatu is one of the most disaster-prone countries, made worse by the global climate emergency. On my visit I saw first-hand how the Pacific island nation is facing threats with determined #ClimateAction. pic.twitter.com/U8w7urR2ik
— António Guterres (@antonioguterres) May 18, 2019
Mensagens
Mas o secretário-geral lembrou que “a mudança climática não pode ser interrompida apenas pelos pequenos países insulares, mas travada pelo resto do mundo.”
Segundo ele, é preciso “entender que a batalha contra a mudança climática requer a vontade política para medidas de transformação em energia, mobilidade, indústria e agricultura”.
Durante a viagem ao Pacífico Sul, Guterres transmitiu três mensagens urgentes aos líderes mundiais. A primeira, é de que é preciso “transferir os impostos dos salários para o carbono”, tributando assim a “poluição e não às pessoas”.
Em segundo, de que é necessário parar com o subsídio dos combustíveis fósseis. Para Guterres, “o dinheiro do contribuinte não deve ser usado para aumentar os furacões, espalhar a seca e as ondas de calor, derreter glaciares e descorar os corais.”
Economia
A terceira mensagem do secretário-geral foi de que é preciso “parar de construir novas usinas de carvão até 2020” e o que todos precisam é “uma economia verde e não de uma economia cinza.”
O chefe das Nações Unidas concluiu sua declaração dizendo que o que se pede “não é solidariedade, não é generosidade, é um interesse próprio esclarecido de todos os tomadores de decisão em todo o mundo porque não é apenas o Pacífico que está em jogo, é todo o planeta.” Para Guterres, “salvar o Pacífico é salvar o planeta inteiro.”