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Países identificam mais vítimas de tráfico e condenam traficantes

Crianças dormem em abrigo em Dhaka, no Bangladesh
Unicef/UNI91021/Noorani
Crianças dormem em abrigo em Dhaka, no Bangladesh

Países identificam mais vítimas de tráfico e condenam traficantes

Direitos humanos

Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas foi publicado esta terça-feira; maioria das vítimas de tráfico sexual são do sexo feminino; exploração sexual é o tipo de tráfico mais comum.

Os países estão identificando mais vítimas de tráfico de pessoas e também estão condenando mais traficantes. Os maiores aumentos nos números de vítimas detectadas aconteceram nas Américas e na Ásia

As conclusões são do Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, publicado esta terça-feira pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc.

Respostas

Mulheres, incluindo meninas, são a maioria das vítimas de tráfico sexual
Mulheres, incluindo meninas, são a maioria das vítimas de tráfico sexual, by Unicef/UNI91025/Noorani

A pesquisa diz que estas conclusões “podem ser resultado do aumento da capacidade de identificação de vítimas ou de um aumento do número de vítimas traficadas.”

A agência da ONU diz que, nos últimos dez anos, a capacidade das autoridades nacionais para acompanhar fluxos de tráfico de pessoas melhorou em muitas partes do mundo.

Por outro lado, a comunidade internacional também se tem focado no desenvolvimento de padrões para coleta de dados. Em 2009, apenas 26 países tinham instituições para coletar dados sobre casos de tráfico. Em 2018, o número subiu para 65.

Embora a maioria dos países tenha legislação para esta área há vários anos, o número de condenações só recentemente começou a crescer. As maiores subidas foram registradas na Ásia, nas Américas, na África e no Oriente Médio.

O Unodc avisa, no entanto, que “muitos países da África e da Ásia continuam a ter baixíssimos números de condenações por tráfico.”

A agência destaca vários dados que “sugerem que as redes de tráfico operam com alto grau de impunidade nesses países” e que “essa impunidade poderia servir como um incentivo para realizar mais tráfico.”

Perfil

A maioria das vítimas de tráfico é detectada nos seus países de origem. Este tipo de detecções domésticas aumentaram nos últimos 15 anos. É mais provável que os países ricos sejam destinos para vítimas detectadas traficadas de origens mais distantes

A maioria das vítimas em todo o mundo são mulheres, principalmente mulheres adultas, mas também cada vez mais meninas.

A vasta maioria das vítimas de tráfico sexual são do sexo feminino e 35% das vítimas traficadas para trabalho forçado também são mulheres. Ao mesmo tempo, mais da metade das vítimas de tráfico para trabalho forçado são homens.

A maioria das vítimas é traficada para exploração sexual, embora este padrão não seja consistente em todas as regiões. O tráfico de mulheres para a exploração sexual é maior nas Américas, Europa, Leste da Ásia e Pacífico. Na América Central e no Caribe, mais meninas são detectadas como vítimas de tráfico para exploração sexual.

O tráfico de trabalho forçado é a forma mais comum na África Subsaariana e Oriente Médio. Na Ásia Central e Sul da Ásia, o tráfico para trabalho forçado e exploração sexual acontecem quase em níveis idênticos.

Tipos de exploração

O Unodc também destaca diferentes formas de exploração sexual e trabalho forçado que são detectados em taxas mais baixas.

O tráfico de casamento forçado, por exemplo, é mais comum em partes do Sudeste Asiático, enquanto o tráfico de crianças para fins de adoção acontece em países da América Central e do Sul. O tráfico para a criminalidade forçada é registrado na Europa Ocidental e do Sul, enquanto o tráfico para remoção de órgãos verifica-se na África, Europa Central, Sudeste e Leste.

A agência da ONU diz que conflitos armados também aumentam a vulnerabilidade ao tráfico de diferentes maneiras. Segundo o relatório, “áreas com fraco estado de direito e falta de recursos para responder ao crime fornecem aos traficantes um terreno fértil para realizar suas operações.”