Quase um terço de estudantes no mundo sofreu intimidação ou violência física no último mês
Nova pesquisa global da Unesco confirma dimensão do problema, mas aponta melhorias; estudo apresentado em Londres revela que bullying diminuiu em quase metade dos 71 países e territórios analisados.
Quase um em cada três estudantes, ou 32%, foi intimidado na escola pelo menos uma vez no último mês. A mesma proporção foi vítima de violência física, segundo a pesquisa “Por trás dos números: Acabar com a violência escolar e bullying”.
O estudo foi divulgado esta terça-feira pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, no Fórum Mundial de Educação.
Pesquisa
A maior reunião mundial de ministros de educação, que acontece em Londres, no Reino Unido, reúne dados quantitativos e qualitativos de uma série de pesquisas de 144 países e territórios.
Segundo a pesquisa, o bullying físico é o tipo mais frequente de intimidação em muitas regiões, com exceção da América do Norte e da Europa, onde o bullying psicológico é mais comum.
O bullying sexual é o segundo mais comum em muitas regiões. O problema afeta tanto os alunos do sexo masculino quanto o feminino. O bullying físico é mais comum entre os meninos, enquanto a variedade psicológica é mais frequente entre as meninas. O assédio na internet e por telefone móvel está aumentando.
As crianças que são vistas como diferentes, de alguma forma, têm maior probabilidade de sofrer bullying e a aparência física é a causa mais comum. O segundo motivo mais frequente relatado pelos estudantes diz respeito à raça, nacionalidade ou cor.
Importância
A Unesco explica que o bullying tem um efeito negativo significativo sobre a saúde mental das crianças, a qualidade de vida e o desempenho acadêmico.
As vítimas têm quase três vezes mais probabilidades de se sentirem estranhas na escola e são mais de duas vezes mais propensas a faltar. Também têm piores resultados e maiores probabilidades de deixar de estudar depois do ensino médio.
Melhorias
Segundo o relatório, apesar da gravidade do problema, algumas nações fizeram progressos significativos.
O bullying diminuiu em quase metade dos 71 países e territórios estudados. Uma proporção similar deles viu uma diminuição nas lutas e ataques físicos.
Estes Estados têm em comum vários factores de sucesso, como o compromisso de promover um ambiente escolar seguro e positivo, sistemas eficazes de notificação e monitorização da violência, diferentes programas e intervenções, formação e apoio aos professores e apoio e encaminhamento de alunos.
Liderança
A Unesco afirma que “a liderança política e o compromisso de alto nível, junto com um sistema legal sólido e político, mostraram-se eficazes para reduzir ou manter uma baixa prevalência” deste problema.
Em nota, a diretora geral de Educação da Unesco, Stefania Giannini, disse que a agência “está muito encorajada por quase metade dos países com dados disponíveis terem diminuido as taxas de violência escolar e bullying.”
Segundo ela, “isso prova que através de uma forte liderança política e outros fatores pode se aliviar o clima de medo criado pelo bullying escolar e violência.”
Lembre esta entrevista da representante do secretário-geral sobre Violência contra as Crianças, Marta Santos Pais, falando sobre o tema: