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Sudão do Sul: Acnur pede US$ 2,7 bilhões para maior crise de refugiados da África

Cinco anos após o início da guerra civil, mais de 2,2 milhões de sul-sudaneses buscaram segurança em seis países vizinhos.
Foto Ocha/ Jacob Zocherman
Cinco anos após o início da guerra civil, mais de 2,2 milhões de sul-sudaneses buscaram segurança em seis países vizinhos.

Sudão do Sul: Acnur pede US$ 2,7 bilhões para maior crise de refugiados da África

Migrantes e refugiados

Verbas servirão para responder a necessidades humanitárias dos próximos dois anos; mais de 2,2 milhões de refugiados sul-sudaneses estão em seis países vizinhos; violência de género continua sendo uma das grandes preocupações.

A agência da ONU para os Refugiados, Acnur, e seus parceiros lançaram um apelo com o objetivo de angariar US$ 2,7 bilhões para atender às necessidades humanitárias dos refugiados sul-sudaneses em 2019 e 2020.

A informação foi avançada esta terça-feira pelo porta-voz do Acnur, Charlie Yaxley, em Genebra.

Segurança 

Segundo ele, cinco anos após o início da guerra civil, mais de 2,2 milhões de refugiados sul-sudaneses buscaram segurança em seis países vizinhos: Uganda, Sudão, Etiópia, Quénia, República Democrática do Congo, RD Congo, e República Centro-Africana. Outros 1,9 milhão estão deslocados dentro do Sudão do Sul.

Insegurança

Há menores de idade que, em muitos casos, sofreram violência extrema e trauma, incluindo a morte de um ou ambos os pais.
Há menores de idade que, em muitos casos, sofreram violência extrema e trauma, incluindo a morte de um ou ambos os pais.Acnur/ Jordi Matas

O Acnur saúda a redução da violência em algumas partes do país desde a assinatura de um acordo de paz e apela a todas as partes para que continuem a respeitar e a implementar o acordo.

Mas a agência da ONU ainda não considera o ambiente no Sudão do Sul como propício ao retorno seguro dos refugiados.

O porta-voz elogiou “a generosidade continuada dos países anfitriões” em manter as fronteiras abertas para os refugiados do Sudão do Sul que procuram segurança, especialmente tendo em conta as imensas pressões sobre os países de asilo.

Financiamento

O aumento do número de refugiados exige mais financiamento e, por isso, o Acnur defende que é urgente mais apoio internacional e solidariedade.

Yaxley explica que “as escolas carecem de professores, salas de aula e materiais educacionais, deixando metade das crianças refugiadas do Sudão do Sul fora da escola”. Na área da saúde, as instalações “têm médicos, enfermeiros e medicamentos insuficientes.”

O representante informou ainda que o baixo financiamento “levou a que as rações alimentares fossem cortadas na Etiópia” e que no vizinho Sudão, alguns refugiados “têm que sobreviver com apenas cinco litros de água por pessoa, por dia, gerando tensões.”

As oportunidades para os refugiados ganharem a vida continuam limitadas.

Preocupações

Uma das principais prioridades do Acnur é a promoção de programas de coesão social para refugiados e seus anfitriões, para ajudar as duas comunidades a conviverem de forma pacífica e harmoniosa.

Segundo a agência, a violência sexual e de género e a proteção infantil continuam a ser preocupações primordiais, uma vez que 83% dos refugiados são mulheres e crianças.

Também há menores de idade que, em muitos casos, também sofreram violência extrema e trauma, incluindo a morte de um ou ambos os pais. Muitos passaram a cuidar de irmãos mais novos. Milhares de crianças foram recrutadas à força por grupos armados para atuarem como soldados.

Em 2018, o Acnur e os parceiros receberam apenas 38% dos US$ 1,4 bilhão solicitados para apoiar os refugiados sul-sudaneses.

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