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As “mulheres essenciais” na criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos BR

Princípio da igualdade de gênero poderia não ter sido incluído se não fossem as mulheres, que defenderam uma Declaração que fosse verdadeiramente universal
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Princípio da igualdade de gênero poderia não ter sido incluído se não fossem as mulheres, que defenderam uma Declaração que fosse verdadeiramente universal

As “mulheres essenciais” na criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Mulheres

Nações Unidas celebram 70 anos da adoção do documento; conheça mulheres delegadas que defenderam direitos iguais; brasileira fez parte de grupo que advogou com sucesso a igualdade de gênero na Carta da ONU.

Nesta segunda-feira, 10 de dezembro comemora-se 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O documento promete igualdade e liberdade para todos no mundo.

Segundo as Nações Unidas, o princípio da igualdade de gênero poderia não ter sido incluído se não fossem as mulheres, que defenderam uma Declaração que fosse verdadeiramente universal. A organização produziu um vídeo descrevendo a contribuição delas.

A participação das mulheres na Declaração Universal dos Direitos Humanos

 

Mulheres na Liderança

Eleanor Roosevelt, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, liderou o comitê que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Apesar de diferenças profundas de opinião, ela manteve o comitê unido e conduziu a aprovação da Declaração Universal.

Hansa Mehta da Índia conseguiu que o texto fosse alterado de “Todos os homens” para “Todos os seres humanos nascem livres e iguais…”. Minerva Bernadino, uma diplomata da República Dominicana, foi essencial na inclusão  da expressão “a igualdade entre homens e mulheres” no preâmbulo.

Bodil Begtrup da Dinamarca defendeu que a Declaração Universal se referisse a “todos” ao invés de “todos os homens”. Begum Shaista Ikramullah, uma delegada do Paquistão, introduziu o artigo 16, sobre direitos iguais no casamento.

Marie-Hélène Lefaucheux da França defendeu a inclusão da igualdade de gênero no Artigo 2. Evdokia Uralova, da Belarus, lutou pela inclusão de “pagamento igual para trabalho igual” no artigo 23. Lakshmi Menon, delegada da Índia, defendou com ardor que o princípio da igualdade de gânero fosse incluído em todo o documento.

Eleanor Roosevelt, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, liderou o comitê que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
ONU
Eleanor Roosevelt, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, liderou o comitê que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Carta da ONU

Outras mulheres prepararam o caminho para essa participação feminina na Declaração, ao lutarem pelos direitos das mulheres durante a redação da Carta da ONU, em 1945. O documento foi elaborado durante a conferência de São Francisco, nos Estados Unidos, e deu origem às Nações Unidas.

A Carta foi um dos primeiros tratados internacionais a mencionar em seu texto a necessidade de igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Brasileira

Bertha Lutz do Brasil liderou o grupo de delegadas que defendeu com sucesso os direitos das mulheres na Carta das Nações Unidas.

A diplomata e cientista brasileira disse durante os debates que “em nenhum lugar do mundo, havia igualdade completa de direitos com os homens”, e que havia sido encarregada pelo então governo para defender justamente esse ponto na Carta da ONU.

Em conjunto com Jessie Street da Austrália, além da brasileira, outras delegadas latino-americanas advogaram pelos direitos iguais entre mulheres e homens. Entre elas estão Minerva Bernardino, da República Dominicana, e Amelia C. de Castillo, do México. Assim como Isabel Sánchez de Urdaneta da Venezuela e a senadora uruguaia Isabel de Vidal.

A diplomata e cientista brasileira Bertha Lutz na conferência de São Francisco, nos Estados Unidos.
ONU Photo/Rosenberg
A diplomata e cientista brasileira Bertha Lutz na conferência de São Francisco, nos Estados Unidos.