Em preparação para Conferência, ONU destaca vulnerabilidade das crianças em movimento
Eventos paralelos de agências das Nações Unidas antecedem Conferência sobre Migração que reunirá líderes mundiais no Marrocos; no mundo existem 258 milhões de migrantes, dos quais 50 milhões são crianças.
A representante especial do secretário-geral para a Migração Internacional, disse que é importante fazer com que as “políticas de migração defendam consistentemente os direitos das crianças e os melhores interesses do grupo”.
As declarações foram feitas na abertura do Fórum da Juventude, evento paralelo à Conferência sobre Migração que inicia nesta segunda-feira no Marrocos, na cidade de Marraquexe.
Interesses
Louise Arbour destacou que “um dos princípios orientadores do Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular é a promoção de obrigações legais internacionais existentes em relação aos direitos das crianças e a necessidade de manter o princípio dos melhores interesses delas em todos os momentos.”

Para chamar a atenção para a questão, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, junto com o governo do Marrocos, organizaram a exibição “Jornada de um Jovem Migrante: Trazendo à Tona Histórias Através da Arte.”
Kader, um jovem migrante de Cote d'Ivoire, ou Costa do Marfim, falou sobre a experiência que teve viajando sozinho, numa das rotas de migração mais perigosas do mundo, através do mar Mediterrâneo até a Itália, onde ele encontrou um novo lar. Ele contou sobre o consolo que os migrantes buscam nos objetos que carregam.
O jovem levou durante toda a jornada um livro com “extrema importância” para ele. Kader disse que o pai costumava dizer que na viagem deveria levar três coisas, ‘um livro, um par de sapatos e uma caneta’. O livro dava a ele conhecimento, a oportunidade de aprender pelo caminho.

Pesquisa
Laurence Chandy, diretor de Dados, Pesquisa e Políticas do Unicef, lembrou em comunicado de impressa que “enquanto os políticos discutem por questões de migração, 4 mil crianças e jovens desprotegidos estão dizendo que precisam de mais apoio”.
Uma pesquisa da agência, que ouviu quase 4 mil refugiados e migrantes com entre 14 e 24 anos, indicou que mais da metade dos entrevistados revelaram que foram forçados a deixar seus países, enquanto 44% o fizeram por vontade própria.
O estudo também mostrou a vulnerabilidade dos jovens em movimento, com 58% dos participantes relatando que tiveram que sacrificar um ou mais anos de escola. Quase metade deles não pôde ver um médico quando precisava e 38% não receberam nenhum tipo de ajuda de famílias, amigos ou instituições.
Migração Segura
Chandy fez um apelo para que os Estados tornem a migração segura adotando o Pacto Global, seus compromissos e ações propostas.
Já Louise Arbour apontou que o número de crianças pesquisadas pelo UNICEF é uma gota no oceano em comparado ao número real dos menores em movimento. Ela destacou que “existem 258 milhões de migrantes no mundo, dos quais 50 milhões são crianças”.