Acnur chama condições de refugiados na Líbia de “pesadelo”

Agência destaca pessoas presas e debilitadas por tempo indeterminado em condições miseráveis; decorrem contactos com o governo para abertura de centro recolha e embarque de migrantes e candidatos a asilo pronto desde julho passado.
A Agência da ONU para Refugiados na Líbia, Acnur, disse esta sexta-feira que devido a vários perigos não considera seguro o desembarque e o retorno de refugiados e migrantes na Líbia após as buscas e os resgates no mar.
Para o chefe do Escritório da agência no país, Roberto Mignone o cenário enfrentado pelos refugiados é de “pesadelo”. Ele explicou que após fugirem de suas casas em busca de segurança e proteção, estes acabam presos e debilitados por tempo indeterminado em condições miseráveis.
Cerca de 2,5 mil pessoas foram transportadas pela agência das Nações Unidas para o Níger, a Itália e a Romênia, um ano após o início da operação em prol de refugiados e candidatos a asilo mais fragilizados.
Mignone considera repreensível que estas pessoas sejam detidas em vez de protegidas apesar de poderem ser encontradas alternativas viáveis à detenção dentro da Líbia.
Um delas é o local de recolha e embarque que aguarda pela inauguração desde julho passado. O representante disse que o local “poderia oferecer proteção imediata e segurança aos mais vulneráveis. ”
Esta quinta-feira, 132 refugiados e candidatos a asilo, incluindo mulheres e crianças, foram levados de Trípoli para o Níger no chamado Mecanismo de Trânsito de Emergência. Essa solução temporária deve durar até que os beneficiarios encontrem soluções de longo prazo em outros países.
Segundo o Acnur, o grupo que inclui 41 crianças desacompanhadas estava detido em Triq Al Sikka e Abu Salim em Trípoli. A maioria foi interceptada ou resgatada no mar quando tentava atravessar da Líbia para a Europa.
A agência considera que a abertura do primeiro Centro de Recolhimento e Partida no país possa dar espaço para refugiados em situação de fragilidade até que estes possam sair da Líbia.
O Acnur defende ainda que as autoridades líbias abram o local. Perante as circunstâncias difíceis dos refugiados e requerentes de asilo, a agência pede ainda alternativas à detenção e mais apoio às operações de retorno do país.