Portugal considera que o unilateralismo está errado e que será ultrapassado
Ministro dos Negócios Estrangeiros explicou a determinação do país em defender multilateralismo; promoção da língua portuguesa continuará a ser prioridade; chefe da diplomacia destaca alguns projetos de cooperação na lusofonia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, considera que os grandes desafios que os países enfrentam não podem ser resolvidos de forma unilateral.
O representante mencionou temas como alterações climáticas, agenda do desenvolvimento, comércio internacional, paz e segurança e combate ao terrorismo que em sua opinião devem implicar uma ação conjunta da comunidade internacional.
Divergência
“Há duas visões do mundo. Nós pensamos que a visão que se concentra sobre o unilateralismo está errada e cremos que ela será ultrapassada. Para isso precisamos de falar muito uns com os outros.”
Santos Silva reconhece que existe uma “divergência profunda” entre a Europa e os Estados Unidos, no que “diz respeito à valoração do multilateralismo.”
Para o chefe da diplomacia portuguesa, essa diferença “não deve ser desvalorizada”. O ministro acredita que “com diálogo, às vezes com palavras mais duras” será possível superar esta divergência até porque “a unidade de valores e de interesses entre os dois lados do atlântico norte é muito importante para a paz de todo o mundo.”
O ministro dos Negócios Estrangeiros lembra ainda que o continente africano é um interlocutor cada vez mais importante para Portugal e que o país tem responsabilidades específicas na relação com África.
Augusto Santos Silva salientou ainda a importância da concertação político-diplomática entre os países de língua portuguesa.
“Quando António Guterres se candidatou a secretário-geral das Nações Unidas, todos os países africanos o apoiaram porque, desde logo, os países lusófonos de África se envolveram ativamente na promoção desta candidatura. O mesmo se diga em relação ao apoio que demos a Angola quando foi membro do Conselho de Segurança ou o apoio ao Brasil quando apresentou candidaturas à Organização Mundial do Comércio e à Organização da ONU para Agricultura e Alimentação, FAO.”
Veja aqui a entrevista completa com Augusto Santos Silva:
Projetos
O ministro português reiterou o empenho do seu governo na cooperação e desenvolvimento com os países lusófonos e explicou algumas das prioridades.
“Neste momento, com Angola, trabalhamos muito na formação de professores, vamos trabalhar ainda mais na revitalizaçcão do ensino técnico e profissional. Com Moçambique, cooperamos muito nas áreas que serão decisivas para a economia no futuro, como a energia. Em Cabo Verde, a cooperação cobre todos os domínios. Em São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, o apoio de Portugal em matéria de saúde pública é muito apreciado e em Timor-Leste também a cooperação no domínio da educação é crucial.”
Já em relação ao Brasil, o ministro explicou que Portugal tem facilitado a cooperação entre aquele país e os nações africanas e deu o exemplo da revitalizaçcão do Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, “um projeto triangular” que envolve o Brasil, Portugal e Moçambique.