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Estudo defende que jovens migrantes, deslocados ou refugiados podem ser agentes da mudança

Após morte de Sampaio, Portugal expande bolsas de estudo a estudantes de países em guerra

OIM
Estudo defende que jovens migrantes, deslocados ou refugiados podem ser agentes da mudança

Após morte de Sampaio, Portugal expande bolsas de estudo a estudantes de países em guerra

Cultura e educação

Oportunidades são abertas na Europa, norte da África e Oriente Médio; pelo menos 10 nações se juntaram à iniciativa, que deve levar agora estudantes afegãs a universidades portuguesas; anúncio foi feito à ONU News após cerimônia em homenagem ao ex-presidente português, em Nova Iorque. 

Portugal está implantando um mecanismo de resposta rápida a emergências para permitir que estudantes do ensino superior continuem os estudos apesar de guerras em seus países de origem.  

Pelo menos 10 nações já aderiram à proposta, como contou à ONU News, o ministro português dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Augusto Santos Silva. 

Resposta 

“Claro que se não for apenas Portugal, mas também outros países. Se organizações internacionais se interessarem por esta resposta, a nossa capacidade de ação multiplica-se. Nós tivemos o gosto, nas últimas semanas, de ter recebido uma resposta positiva da União para o Mediterrâneo. A União para o Mediterrâneo são 42 países europeus do norte da África e do Médio Oriente. E 10 desses países já disseram ‘nós queremos colaborar, nós também queremos receber estudantes que venham de regiões em conflito e queremos ajudar a que esses estudantes que precisam dos seus estudos e, portanto, que essas regiões têm uns quadros que vão precisar na reconstrução.” 

Plataforma 

Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva
Captura vídeo ONU News
Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva

A iniciativa dá sequência a programas de bolsas que acontecem pelo sétimo ano consecutivo. Até agora cerca de 750 bolsas anuais foram atribuídas pela plataforma.  

O ministro de Portugal falou à ONU News durante sua visita a Nova Iorque para participar do tributo ao ex-presidente do país, Jorge Sampaio, que morreu em 10 de setembro.  

Após deixar a ONU como alto representante para a Aliança das Civilizações, em 2013, Sampaio começou um programa de bolsa de estudos. 

Cerca de 320 jovens sírios e de sociedades afetadas por conflitos, em mobilidade forçada ou em risco voltaram a ter aulas em Portugal para se graduarem nos níveis de bacharelado, mestrado ou doutoramento. 

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Estudantes do Afeganistão 

Com a morte de Sampaio, Portugal está se dedicando a alargar o programa, que agora também deve acolher universitários do Afeganistão. 

“Estão a falar português e agora estão, não só a trabalhar em Portugal, como estão a preparar para o pós-guerra na Síria. Este exemplo que é bem-sucedido mostra que nós podemos tentar criar um mecanismo que diga respeito não apenas à Síria, mas a outras situações em que, ou por razões de segurança, ou por razões políticas, ou mesmo por catástrofes naturais, há emergências no ensino superior. Nós estamos a alargar estudantes afegãs este programa de bolsas de estudo. Também aí, como sabe, infelizmente, no atual regime talibã o estudo das mulheres é, para dizer o menos, desincentivado, quando não é pura e simplesmente proibido. Portanto, as estudantes afegãs estão neste momento necessitadas do nosso apoio.” 

Para Santos Silva, continuar a iniciativa de Jorge Sampaio com outros estudantes é a melhor homenagem que Portugal pode dar ao ex-presidente, que governou o país de 1996 a 2006.