Acnur denuncia traficantes que se fazem passar por funcionários da ONU na Líbia

Agência informou que criminosos usam coletes e outros artigos com logótipos semelhantes aos da agência em pontos de desembarque e centros de contrabando.
A Agência de Refugiados da ONU, Acnur, pediu às autoridades líbias que tomem medidas contra criminosos que, atuando em seu nome, buscam refugiados e migrantes desesperados na Líbia.
Um comunicado, emitido este sábado, revela que houve denúncias de contrabandistas e traficantes que se fazem passar por seu pessoal no terreno. Segundo "relatos credíveis", os criminosos atuam usando coletes e outros itens com logótipos semelhantes aos da agência em pontos de desembarque e centros de contrabando.
O Acnur explica que seus funcionários estão presentes em pontos oficiais de desembarque de refugiados e migrantes distribuindo ajuda em forma de alimentos, água e roupas.
O comunicado destaca ainda que a agência está contra a detenção de refugiados e migrantes, e que seus funcionários monitoram a situação em centros de detenção do país dando apoio e identificando os mais vulneráveis.
Os trabalhadores do Acnur "não estão envolvidos na transferência de refugiados de pontos de desembarque para centros de detenção", destaca a nota.
Os relatos sobre essa atuação dos criminosos surgem no momento em que "piorou de forma drástica" a situação dos refugiados e migrantes detidos ou residentes na capital da Líbia, Tripoli.
Na maior cidade do país ocorreram confrontos desde 26 de agosto. Vários tanques e equipamento de artilharia pesada foram posicionados em áreas residenciais.
As autoridades reportaram atrocidades cometidas contra refugiados e migrantes na área, que incluem estupro, sequestro e tortura.
Segundo a Missão da ONU na Líbia, Unsmil, pelo menos 61 líbios morreram e quase 160 ficaram feridos nesses confrontos. O chefe da operação política, Ghassan Salamé, descreveu a cidade como estando “à beira de uma guerra total” por causa do aumento do número de saques e outros crimes.
Com a mediação da Unsmil, as partes concordaram em acabar com os combates e restaurar a ordem após o deslocamento de milhares de pessoas.
O pedido do Acnur é que haja alternativas para a detenção, incluindo o uso imediato de um local disponível em Tripoli para que estes se juntem e possam sair da cidade.
A agência considera que essas instalações, administradas pelo Ministério do Interior da Líbia, servirão como uma plataforma para que migrantes e refugiados possam encontrar segurança em outros países. O local pode acolher mil refugiados e candidatos a asilo.