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Manaus reabre abrigo público para acolher venezuelanos

Venezuelanos estão a ser levados da cidade de Boa Vista, em Roraima, para outras partes do Brasil.
Acnur/Reynesson Damasceno
Venezuelanos estão a ser levados da cidade de Boa Vista, em Roraima, para outras partes do Brasil.

Manaus reabre abrigo público para acolher venezuelanos

Migrantes e refugiados

Brasil criou programa para ajudar venezuelanos em situação de extrema vulnerabilidade a encontrar melhores condições de vida em outros Estados brasileiros; na capital do Amazonas, foram registradas cerca de 8,8 mil solicitações de refúgio desde 2017. 

Para acolher 180 solicitantes de refúgio e migrantes venezuelanos que estavam vivendo em Boa Vista, Roraima, a cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, reabriu esta semana um abrigo público na zona leste da cidade. 

Após desembarcarem de um avião da Força Aérea Brasileira, as famílias foram acolhidas no Abrigo do Coroado por equipes da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos, Semmasdh, e da Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur.

Serviços

Refugiados venezuelanos chegando a Manaus, no Brasil.
Refugiados venezuelanos chegando a Manaus, no Brasil. , by ONU News

A manutenção do abrigo e serviços como alimentação e saúde serão prestados pela Prefeitura de Manaus, com recursos repassados pelo governo brasileiro.

As famílias permanecerão no abrigo por cerca de três meses, durante os quais a prefeitura e o Acnur vão procurar trabalho para os adultos e colocar as crianças na escola.

Pedro Benito, que teve o seu nome mudado, disse que pretende “permanecer no Brasil até que a situação se normalize na Venezuela.”

Outro migrante, Jorge Alvarez, que também teve o seu nome mudado, afirmou que deixar o seu país foi difícil, mas foi “ajudado por muitos brasileiros e pela ONU.” Ele espera que a situação se normalize para que possa regressar e rever a sua mãe e quatro filhos. 

Regras

Este é o terceiro grupo de venezuelanos que chega a Manaus. O programa tem caráter voluntário, e quem aceita participar passa por exames de saúde, são imunizados e obtêm todos os documentos necessários para viajar, inclusive Carteira de Trabalho e CPF.

Com a chegada deste último grupo, cerca de 400 venezuelanos pertencentes ao programa estão vivendo em Manaus. Mas a cidade também recebe outros que chegam por meios próprios. Segundo dados da Polícia Federal, já foram registradas na cidade cerca de 8,8 mil solicitações de refúgio desde 2017, sendo que aproximadamente 6,5 mil aconteceram neste ano. 

O chefe do escritório do ACNUR em Manaus, Sebastian Roa, explicou que estruturas como a da Semmasdh “garantem que as autoridades públicas e o Acnur possam atender às necessidades destes solicitantes de refúgio e migrantes, permitindo que recuperem um pouco de sua história e reconstruam suas vidas numa nova cidade.”

Manaus reabre abrigo público para acolher venezuelanos

Programa

A estratégia do governo federal está se expandindo, com mais voos saindo de Boa Vista em direção a várias cidades do país. Criada para ajudar venezuelanos em situação de extrema vulnerabilidade a encontrar melhores condições de vida em outros Estados brasileiros, já realocou cerca de 1,5 mil pessoas.

Nesta terça-feira, além dos 180 transferidos para Manaus, outros 24 foram levados para Cuibá. Na quarta-feira, mais de 200 venezuelanos viajam de Roraima a outros Estados. Quatro pessoas desembarcarão em Brasília, 75 ficarão em São Paulo e outras 125 serão levadas para a cidade de Esteio. Em setembro, o objetivo do governo é transportar cerca de 400 pessoas por semana.

Sebastian Roa diz que a iniciativa "representa a melhoria de vida de muitos solicitantes de refúgio e migrantes venezuelanos no Brasil." 

A Organização Internacional para Migração, OIM, o Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, e Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, também colaboram com o programa.

Estas pessoas também terão acesso a cuidados saúde, matrícula de crianças em escolas, ensino da Língua Portuguesa e cursos profissionalizantes.

 

Reportagem de Luiz Fernando Godinho, da Acnur Brasil