Chefe de direitos humanos alarmado com relatos de graves violações nos Camarões BR

Vista da sede do governo camaronês na cidade de Yaoundé, capital dos Camarões.
Banco Mundial/Flore de Preneuf
Vista da sede do governo camaronês na cidade de Yaoundé, capital dos Camarões.

Chefe de direitos humanos alarmado com relatos de graves violações nos Camarões

Paz e segurança

ONU acredita que mais de 21 mil pessoas fugiram para os países vizinhos e 160 mil estão deslocadas internamente; governo camaronês não concedeu acesso a Escritório das Nações Unidas para investigar denúncias.

O alto comissário de direitos humanos da ONU, Zeid Al Hussein, está profundamente alarmado com os relatos persistentes de violações de direitos humanos nas regiões noroeste, sudoeste e extremo norte dos Camarões.

Zeid disse que é lamentável que o governo tenha negado o acesso ao Escritório de Direitos Humanos da ONU, apesar de vários pedidos para investigar as informações.

Violações

O alto comissário informou que "dada a gravidade das denúncias de violência, o acesso foi pedido para verificar alegações sobre forças de segurança e elementos armados". Sem o acesso, Zeid disse que agora “é preciso explorar outras opções incluindo o monitoramento remoto”.

Para Zeid Al Hussein é lamentável que o governo camaronês tenha negado o acesso ao Escritório de Direitos Humanos da ONU.
Para Zeid Al Hussein é lamentável que o governo camaronês tenha negado o acesso ao Escritório de Direitos Humanos da ONU., by Foto: ONU/Jean-Marc Ferré

Em nota, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos explicou que os protestos começaram em outubro de 2016, tornaram-se violentos no ano passado quando a situação piorou. As manifestações começaram com camaroneses que têm o inglês como primeira língua reclamando de casos de discriminação em relação à maioria de língua francesa.

Há relatos sequestros por homens armados, assassinatos de agentes da polícia e autoridades locais, extorsão e incêndios de escolas.

Segundo o Escritório, há também informações de que forças do governo teriam cometido assassinatos, uso excessivo da força, incêndios, detenções arbitrárias e tortura.

Investigação

A ONU acredita que mais de 21 mil pessoas fugiram para os países vizinhos e 160 mil foram deslocadas devido à violência. Muitas, supostamente, estão escondidas em florestas.

Para evitar que a situação piore, Zeid pediu ao governo para fazer investigações independentes sobre os relatos de violações pelas forças do Estado, bem como os abusos cometidos por elementos armados.  

O chefe dos direitos humanos condenou os ataques de grupos armados, mas disse que “a resposta de segurança pesada que o governo parece usar desde outubro só prejudica a situação de mulheres, crianças e homens”.

O alto comissário ficou "completamente chocado" com um vídeo que mostra membros das forças armadas executando uma mulher, uma criança e um bebê acusados ​​de serem membros do grupo terrorista Boko Haram.

Segundo ele, “o governo dos Camarões tem a obrigação de investigar com urgência este crime atroz”. Zeid está “profundamente preocupado que esses assassinatos capturados na câmera não sejam casos isolados”.