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ONU pede investigação de ataque que matou 20 em Camarões incluindo crianças BR

Civis do noroeste e sudoeste de Camarões sofrem o impacto da violência e vivem com medo.
Ocha/Giles Clarke
Civis do noroeste e sudoeste de Camarões sofrem o impacto da violência e vivem com medo.

ONU pede investigação de ataque que matou 20 em Camarões incluindo crianças

Paz e segurança

Homens armados invadiram vilarejo no nordeste do país; entre os mortos estão crianças; área é alvo de confrontos entre forças do governo e separatistas camaroneses; equipe humanitária da ONU não consegue chegar ao local por causa da insegurança.

As Nações Unidas pediram que grupos armados em Camarões se abstenham de atacar civis e respeitem o direito internacional humanitário; no último dia 14, pelo menos 20 pessoas incluindo crianças foram assassinadas no vilarejo de Ngarbuh, no noroeste do país.

Em nota, o porta-voz do secretário-geral da ONU expressou preocupação com o ataque.

Vista da sede do governo camaronês na cidade de Yaoundé, capital dos Camarões.
Vista da sede do governo camaronês na cidade de Yaoundé, capital dos Camarões. Foto: Banco Mundial/Flore de Preneuf

Crianças

De acordo com a ONU, pelo menos nove casas foram incendiadas e até 700 pessoas fugiram do local. A área é alvo de combates entre forças separatistas e o governo camaronês.

António Guterres enviou condolências às famílias das vítimas e pediu uma investigação do Governo de Camarões “que conduza e garanta que os autores sejam responsabilizados”.

O chefe da ONU reiterou que a organização está disposta a trabalhar com todos em  prol de uma solução política para a crise nas regiões noroeste e sudoeste do país, que falam inglês, através de um diálogo.

Necessidades

No domingo, a ONU enviou uma missão humanitária para apurar as necessidades dos deslocados no local de ataque. As condições de segurança não permitiram que este grupo chegasse ao local, mas foram recolhidos relatos de deslocados e sobreviventes a 2 km de distância da área afetada.

As vítimas reportaram abusos, assassinatos, prisões arbitrárias, sequestros, torturas e tratamentos desumanos, além de queima de casas e destruição de aldeias. Foram atacados escolas e hospitais. Vários trabalhadores humanitários também sofreram ameaças e ataques.

De acordo com o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, os civis do noroeste e sudoeste sofrem o impacto da violência e vivem com medo.

As Nações Unidas estimam que com a crise, 2,3 milhões de pessoas precisam urgentemente de comida, abrigo, donativos e proteção. Destas, 1,7 milhão estão nas duas regiões e outras 600 mil fugiram para o litoral, oeste e centro. Existem cerca de 1 milhão a mais de pessoas nessa situação em comparação com o ano passado.

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Insegurança

As agências humanitárias continuam oferecendo apoio mesmo com acesso limitado, principalmente pela insegurança. No ano passado, trabalhadores humanitários entregaram auxílio a mais de 250 mil pessoas do noroeste e sudoeste.

Este ano, o Fundo Central de Resposta de Emergência doou US$ 8,7 milhões para ajudar mais de 200 mil pessoas nas duas regiões. Mas as necessidades até dezembro ultrapassam os US$ 317 milhões.

A ONU quer apoio para oferecer auxílio humanitário que está subfinanciado e lembra que recebeu apenas 43% dos US$ 300 milhões necessários no ano passado.