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OMS diz que 500 pessoas foram feridas em supostos ataques químicos na Síria BR

Esta mãe é uma deslocada interna síria e sua família foi forçada a fugir devido aos bombardeios em Ghouta Oriental
Foto: UNHCR/Bassam Diab
Esta mãe é uma deslocada interna síria e sua família foi forçada a fugir devido aos bombardeios em Ghouta Oriental

OMS diz que 500 pessoas foram feridas em supostos ataques químicos na Síria

Saúde

Organização Mundial da Saúde está profundamente alarmada com situação na cidade de Duma, em Ghouta Oriental; Conselho de Segurança debateu tema na terça-feira, mas deixou de adotar três resoluções sobre o assunto.

A Síria registrou a morte de mais de 70 pessoas em Duma, que estavam abrigadas em porões. Desses óbitos, 43 foram causados por sintomas associados à contaminação com a armas químicas.

A informação consta de um comunicado da Organização Mundial da Saúde, OMS, divulgado nesta quarta-feira. A agência da ONU baseia-se em notificações recebidas de parceiros de um grupo de saúde após um ataque, realizado no sábado, em Duma, perto da capital síria Damasco.

Resolução

A OMS informou que 500 pessoas procuraram centros de atendimento exibindo sintomas de exposição a elementos químicos e tóxicos.

Os pacientes tinham irritação das membranas mucosas, falhas respiratórias e descontrole do sistema nervoso. Dois postos de saúde também foram afetados pelos ataques químicos.

A OMS lembrou a todos os envolvidos na guerra na Síria que a resolução 2286 do Conselho de Segurança proíbe instalações de saúde de serem atacadas.

O vice-diretor-geral da agência para Preparação e Resposta de Emergência, Peter Salama, disse que todos deveriam estar indignados com os terríveis relatos e imagens de Duma.

Conselho de Segurança

A OMS está providenciando medicamentos e material de proteção além de apoio psicológico para os afetados. Outros serviços como vacinas, tratamento pré-natal e de vigilância de saúde estão sendo colocados à disposição dos moradores de Ghouta Oriental.


O suposto ataque com armas químicas em Duma foi o tema de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, na tarde de terça-feira, em Nova Iorque.

Após três votações de textos de resolução sobre o tema, o Conselho não conseguiu consenso para aprovar nenhum documento

O Conselho votou primeiro a resolução proposta pelos Estados Unidos, que pretendia criar um novo mecanismo independente para investigar o ataque e apurar responsabilidades.

O texto teve 12 votos a favor. A Bolívia votou contra, junto com a Rússia, que tem poder de veto. A China absteve-se.

 

Nikki Haley (na tela), embaixadora dos Estados Unidos na ONU, durante reunião do Conselho de Segurança
Foto: ONU/Mark Garten
Nikki Haley (na tela), embaixadora dos Estados Unidos na ONU, durante reunião do Conselho de Segurança

Investigação

A segunda resolução, proposta pela Rússia, também pedia uma investigação sobre o caso, mas solicitava que o resultado fosse apresentado ao Conselho de Segurança, que deveria decidir sobre o responsável.

Esta proposta teve apenas seis votos favoráveis. Sete Estados-membros votaram contra, incluindo os Estados Unidos. Dois países abstiveram-se.

O objetivo das duas resoluções era criar um substituto para o Mecanismo de Investigação Conjunto ONU e Organização para a Proibição de Armas Químicas, Opaq, na Síria. O mandato deste mecanismo expirou em novembro do ano passado e o Conselho de Segurança não aprovou a sua renovação.

Um terceiro texto, proposto também pela Rússia, pedia que fosse enviada uma missão da Opaq para o terreno.

O texto também não reuniu apoio suficiente, tendo cinco países votado contra, quatro a favor, e seis abstendo-se.

Nesta quarta-feira, o porta-voz do secretário-geral informou no briefing diário a jornalistas em Nova Iorque, que 4 mil pessoas, mais da metade delas eram mulheres e crianças, estavam sob cerco em Duma.
 

Um comboio transportando 4395 pessoas, a maioria civis e alguns combatentes, chegaram à parte rural dde Apelo na terça-feira, e foram levadas ao acampamento de deslocados internos Al-Bil.

Estima-se que mais de 150 mil pessoas saíram de Ghouta Oriental desde 9 de março. Mais de 58 mil moradores, a maioria civis, foram evacuados da região nas últimas semanas.