Representante especial para RD Congo diz que “situação humanitária é chocante”
Leila Zerrougui falou ao Conselho de Segurança, na quarta-feira, que o país continua a enfrentar uma das crises humanitárias mais graves no mundo; progressos estão a ser feitos para realizar eleições este ano.
A nova representante especial do secretário-geral da ONU para a República Democrática do Congo, Leila Zerrougui, disse ao Conselho de Segurança que “a situação humanitária no país é chocante”.
Zerrougui falou ao Conselho, na quarta-feira, pela primeira vez desde que foi nomeada para o cargo de representante especial e chefe da Missão da ONU no país, Monusco.
Insegurança
Segundo a advogada argelina, a situação “continua a deteriorar-se e isso traz riscos de instabilidade para muitas partes do país, com ameaças serias à população civil.”
Leila Zerrougui é uma das poucas mulheres a chefiar uma missão de paz. Nesta entrevista à ONU News ela afirma que promover mais presença feminina ajuda o trabalho da ONU em várias partes do mundo.
A chefe da Monusco lembra que “durante muito tempo foram os homens a lidar com conflitos onde a maioria dos afetados são mulheres e crianças.”
Segundo ela, a perspectiva de uma mulher é “extremamente importante” para “fazer as pessoas entenderem que nunca há vitórias através das armas, e de que é preciso conquistar o coração e a mente das pessoas.”
A representante especial disse que condena “os ataques persistentes dos vários grupos armados e milícias, o recrutamento de crianças, a violação de mulheres e meninas, o incendiar de casas e escolas, e a profanação de lugares de culto.”
Eleições
Zerrougui destacou também os progressos feitos na preparação das eleições presidenciais, que devem acontecer a 23 de dezembro, e legislativas, marcadas para o ano seguinte.
O mandato do presidente Joseph Kabila terminou em dezembro de 2016 e, apesar do seu compromisso em realizar eleições no ano passado, a votação tem sido adiada.
Segundo a representante especial, o Acordo de 31 de dezembro permanece o único caminho para a paz. Se não for cumprido, “isso apenas serve para aumentar as tensões políticas e os riscos de violência com fins políticos.”
Crise humanitária
A representante disse ao Conselho que a RD Congo “continua a enfrentar uma das crises humanitárias mais graves no mundo.”
O número de pessoas deslocadas que precisa de assistência humanitária é 4,5 milhões, o valor mais alto em África. Mais de 7,7 milhões de pessoas estão em situação de grave insegurança alimentar, e mais de 2 milhões de crianças estão subnutridas e precisam de assistência urgente.
Zeirrougui terminou dizendo que “a missão da ONU continua comprometida em apoiar as autoridades congolesas na proteção dos mais vulneráveis e mais atingidos pelos atos de violência.”
Apresentação: Alexandre Soares.
Veja aqui a entrevista, em inglês, de Leila Zerrougui: