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Acnur alerta para possibilidade de “desastre humanitário” na RD Congo

Mulheres congolesas na província de Tanganyika.
Acnur/Colin Delfosse
Mulheres congolesas na província de Tanganyika.

Acnur alerta para possibilidade de “desastre humanitário” na RD Congo

Migrantes e refugiados

Agência da ONU pede US$369 milhões para missão no país; nas duas primeiras semanas de fevereiro, foram registados 800 casos de potenciais violações de direitos humanos.  

Alexandre Soares, da ONU News em Nova Iorque.

Agência da ONU pede US$ 369 milhões para operações no país; nas duas primeiras semanas de fevereiro, foram registados 800 casos de potenciais violações de direitos humanos. 

Alexandre Soares, da ONU News em Nova Iorque.

Um “desastre humanitário de proporções extraordinárias” está prestes a acontecer no sudeste da República Democrática do Congo, avisou hoje o porta-voz da Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, Andrej Mahecic.

O porta-voz fez a declaração apresentando um balanço sobre a situação na província de Tanganyika. Mahecic disse que estão a aumentar a violência, o número de pessoas deslocadas e acusações de violações de direitos humanos.  

Violência

Segundo ele, as pessoas que fogem da capital da província contam “histórias de violência horrível durante os ataques as suas aldeias, incluindo homicídios, raptos e violações.”

Em 2017, o Acnur registou 12 mil casos de potenciais violações de direitos humanos em Tanganyika e duas províncias vizinhas. Apenas nas duas primeiras semanas de fevereiro, a agência notificou mais de 800 incidentes, o que mostra um aumento da violência.

O porta-voz disse que este número deve ser muito mais alto, porque muitas das zonas são de difícil acesso.

A violência a mulheres é outra área de preocupação. Foram 523 casos de violência sexual ou de género, sendo metade destas vítimas crianças.

Doadores

No ano passado, o Acnur recebeu dos seus doadores menos de US$ 1 por pessoa deslocada no país, o que deixou muitos sem ajuda humanitária. Para este ano, a agência da ONU está a pedir US$ 369 milhões para suas operações na RD Congo.

A agência diz que em Tanganyika, as famílias ainda não têm a cobertura de plástico que as protege da chuva, e que muitas mulheres sozinhas e viúvas não tem abrigos apropriados, colocando-as em risco ainda maior de abusos sexuais.

A província de Tanganyika tem o triplo da área da Suíça e três milhões de pessoas. A violência dos últimos anos já causou mais de 630 mil deslocados.