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RD Congo: Aumento da violência ameaça milhares de pessoas em Kassai Central

Em agosto, mais de 24 mil pessoas fugiram de três confrontos separados na região.
Ocha/Otto Bakano
Em agosto, mais de 24 mil pessoas fugiram de três confrontos separados na região.

RD Congo: Aumento da violência ameaça milhares de pessoas em Kassai Central

Migrantes e refugiados

Alerta é da Agência da Nações Unidas para os Refugiados; conflitos provocaram mais de 24 mil deslocados internos e refugiados somente em agosto; períodos de violência na região marcam fuga das populações para Angola; agência apela ao renovar do foco no Kassai. 

A Agência de Refugiados da ONU, Acnur, alerta que o retorno da violência e tensão na Região do Grande Kassai pode despoletar outra vaga de deslocamentos massivos na República Democrática do Congo. 

Em agosto, mais de 24 mil pessoas fugiram de três confrontos separados na região Entre as motivações estariam disputas de terras, recursos além de choques interétnicos ou entre autoridades e grupos de milícias.

Crianças na vila de Benakuna, na região dos Kassais.
Crianças na vila de Benakuna, na região dos Kassais. Foto: Unicef/Vincent Tremeau

Disputas

A maioria dos deslocados procura refúgio nas áreas fronteiriças das Regiões de Demba e Mwenka no Kassai Central. Em 2017, a violência provocou o deslocamento interno de 1,4 milhões de pessoas, enquanto 350 mil se refugiaram  em Angola.

Segundo o Acnur, houve aumento de confrontos intercomunitários na localidade de Katende no mês passado. A razão são disputas para  controlar recursos minerais e da madeira. 

Informações recolhidas pelo Acnur dão conta da fuga de mais de mil pessoas na Aldeia de Ntenda quando um grupo de milícias tentou substituir um líder tradicional local por um dos seus membros.

Em nota, o porta-voz do Acnur, Babar Baloch, apelou os parceiros a renovarem o foco em Kassai para restaurar a paz e baixar a tensão. A recomendação é que sejam alocados recursos para responder as necessidades dos deslocados na região. 

No terreno, pessoal do Acnur facilita as negociações entre líderes de comunidades hostis e orienta os sobreviventes da violência sexual para cuidados médicos e apoio psicossocial.

A agência recenseia deslocados e membros de comunidades anfitriãs. Sabe-se que as capacidades de acolhimento são limitadas, devido a fatores como pobreza extrema e altos índices de desnutrição na zona. 

Mais de 4 mil deslocados já receberam artigos de socorro como material plástico, lençóis, sabão e utensílios de cozinha. O pacote de ajuda inclui kits de abrigo e ajuda em dinheiro para comprar comida e satisfazer outras necessidades básicas.

Crianças numa escola na aldeia de Mulombela, no Kassai.
Unicef/UN0162335/Tremeau
Crianças numa escola na aldeia de Mulombela, no Kassai.

Angola

O Acnur também avalia as condições da estrada para fornecer apoio humanitário urgente a 16 mil congoleses repatriados de Angola no ano passado. A agência revelou que os migrantes vivem em condições precárias em áreas remotas e inacessíveis.

Entre 2018 e 2019, milhares de pessoas tiveram que deixar Angola em operações das autoridades daquele país que visaram migrantes ilegais. Muitos deles foram antigos refugiados congoleses que recebiam assistência do Acnur.

*Amatijane Candé para a ONU News