Perspectiva Global Reportagens Humanas

Rohingya sem cuidados de saúde essenciais seis meses depois do início da crise

Chuvas de monção em Bangladesh.
Foto Acnur: Caroline Gluck
Chuvas de monção em Bangladesh.

Rohingya sem cuidados de saúde essenciais seis meses depois do início da crise

Migrantes e refugiados

Mais de 900 mil civis estão refugiados em Cox’s Bazar, Bangladesh; OMS diz que é urgente melhorar cuidados de saúde; Acnur se prepara para época das monções para evitar mais mortes.

Alexandre Soares, da ONU News em Nova Iorque.

Passados seis meses desde o início da crise dos refugiados rohingya, que saíram de Mianmar e estão em Bangladesh, esta população continua sem serviços de saúde essenciais à sua sobrevivência, alertou esta terça-feira a Organização Mundial de Saúde, OMS.

O diretor regional da OMS para o sudeste asiático, Poonam Khetrapal Singh, diz que “os desafios são enormes, múltiplos, e em constante evolução.”

Saúde

Singh diz que o governo do Bangladesh “tem sido extremamente generoso”, e que isso permitiu evitar um surto de cólera e controlar rapidamente crises de sarampo e difteria nos últimos meses.

O especialista acrescenta, no entanto, que “a magnitude da crise obriga a esforços contínuos e contribuições generosas de todos os parceiros para aumentar os serviços de saúde.”

A OMS diz que os dois maiores campos de refugiados, Kutapalong e Balukhali, estao entre as zonas mais densamente populosas do globo. A agência estima que cerca de 60 mil crianças nasçam nestes campos no próximo ano e avisa que isso implica novos desafios.

Terra de ninguém

A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, começa esta semana a transferir centenas de famílias que vivem em zonas em perigo de cheias para locais mais seguros. A agência da ONU está a trabalhar com o governo do Bangladesh para se preparar para a época das monções.

Nesta terça-feira, foi feita a transferência das primeiras 50 famílias que estão em locais propícios a cheias. Durante a próxima semana, outras 381 famílias serão realojadas.

O Acnur também está a seguir a situação de milhares de rohingya que estão numa zona chamada de “terra de ninguém”, perto da fronteira entre Mianmar e o Bangladesh.

A agência da ONU diz que 5,3 mil pessoas têm medo de regressar a Mianmar e querem procurar refúgio no Bangladesh.

Desde agosto de 2017, 688 mil rohingyas atravessaram desde Mianmar para Cox’s Bazar, no Bangladesh. O Acnur diz que foi um dos maiores movimentos populacionais em um espaço de tempo tão curto.