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Para relatora da ONU, é prematuro falar no retorno de civis a Mianmar BR

Refugiados rohingya.
Foto: PMA/Saikat Mojumder
Refugiados rohingya.

Para relatora da ONU, é prematuro falar no retorno de civis a Mianmar

Direitos humanos

Yanghee Lee é especialista em direitos humanos; ela lamenta décadas de violência contra minorias étnicas, incluindo os muçulmanos rohingya; relatora acaba de voltar da Tailândia e da Bangladesh.

Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.

A relatora da ONU para os direitos humanos em Mianmar lamenta “décadas de um longo ciclo de violência por parte das autoridades contra minorias étnicas” no país, incluindo os muçulmanos rohingya.

Para Yanghee Lee, ainda é muito prematuro considerar o repatriamento de centenas de milhares de refugiados. Ela acaba de retornar da Tailândia e de Bangladesh e divulgou nesta quinta-feira suas considerações sobre a situação dos refugiados de Mianmar.

Violações

Segundo Lee, o governo do país afirma que faz operações de segurança, mas na opinião dela, o que acontece é “um padrão de dominação, agressão e violações contra grupos étnicos”.

A relatora da ONU menciona ataques contra civis, residências e lugares de culto; deslocamento forçado; incêndios de vilarejos; apropriação de terrenos; violência sexual, detenções arbitrárias; tortura e desaparecimentos forçados.

Lee afirma que a situação no estado de Rakhine provocou indignação internacional, mas para muitas pessoas de outras partes de Mianmar, esses relatos levaram a uma “sensação trágica de déjà vu”.

Retorno voluntário

Segundo a especialista, os rohingya já sofriam ataques antes de agosto, mas não na mesma escala. Yanghee Lee avalia que “o governo falhou em seguir uma nova era de abertura e transparência e está insistindo em práticas repreensivas do passado”.

Ela defende que o retorno dos refugiados ao país seja voluntário e seguro e pede que a comunidade internacional faça pressão para que Mianmar crie as condições ideais para o retorno.

Ao visitar os rohingya que estão num acampamento em Cox’s Bazar, Bangladesh, Lee observou “muita ansiedade e medo quando o assunto era o possível retorno a Mianmar”.

No ano passado, as autoridades de Mianmar informaram que a relatora não seria mais autorizada a visitar o país porque sua avaliação sobre a situação era “injusta e tendenciosa”. Lee garante continuar disposta a colaborar com o governo para que os direitos humanos no país sejam protegidos.

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