Perspectiva Global Reportagens Humanas

“Limpeza étnica em Mianmar continua”, declara representante da ONU BR

Foto: Acnur/Andrew Mconnell
Refugiados rohingya

“Limpeza étnica em Mianmar continua”, declara representante da ONU

Migrantes e refugiados

Andrew Gilmour é secretário-geral assistente para Direitos Humanos; ele faz a denúncia sobre a situação dos rohingyas após passar quatro dias em Bangladesh, onde civis estão refugiados.

O secretário-geral assistente da ONU para Direitos Humanos terminou uma visita de quatro dias a Bangladesh, país que está abrigando quase 700 mil refugiados rohingya.

Essa população começou a fugiu de Mianmar por conta da violência em agosto, mas segundo Andrew Gilmour, “a limpeza étnica dos rohingyas continua”.

Mortes e tortura

O representante da ONU denuncia assassinatos e violência sexual no estado de Rakhine, tendo como base entrevistas com refugiados, que deram exemplos de mortes, estupros, torturas, desaparecimentos e pessoas forçadas a passar fome.

Gilmour declarou que “a violência sistemática contra os rohingyas persiste”, tendo agora um novo perfil: “uma campanha de terror e de fome”, que parece ser criada para obrigar os que continuam em Mianmar a sair de suas casas e ir para Bangladesh.

Muitas pessoas contaram a Gilmour sobre casos de rohingyas que tentaram abandonar seus vilarejos mas foram levados e continuam desaparecidos.

Um homem explicou que seu pai foi sequestrado pelos militares de Mianmar em fevereiro e alguns dias depois, ele foi orientado a ir buscar o corpo. Ele teve medo de pedir explicações, mas revelou que o corpo estava cheio de hematomas.

Retorno

O representante da ONU declarou que “o governo de Mianmar está dizendo ao mundo que está pronto para receber de volta os rohingyas” mas ao mesmo tempo, está forçando a população a ir para Bangladesh”.

Segundo Gilmour, as condições atuais tornam impossível o retorno seguro e digno dos rohingyas. Para ele, o debate agora deve focar em como parar com a violência no estado de Rakhine, em garantir responsabilização dos culpados e em criar condições para que esses civis voltem para casa.

Durante sua visita a Daca, Gilmou agradeceu o governo bengalês pela hospitalidade com os rohingyas e falou que Bangladesh “mostrou um nível de generosidade que está faltando em muitas partes do mundo”.

Ele pediu à comunidade internacional para apoiar Bangladesh nesse trabalho de ajuda aos refugiados.

Assista a um vídeo do Unicef sobre os rohingya (legendas UNIC Rio)

 

UNICEF
UNICEF apoia crianças rohingya sofrendo com desnutrição, anemia e outras doenças