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FAO e da Ocde indicam baixo preço dos alimentos pela próxima década BR

Foto: FAO

FAO e da Ocde indicam baixo preço dos alimentos pela próxima década

Em estudo conjunto, divulgado nesta segunda-feira, agências traçam panorama para 2017-2026; níveis dos estoques de cereais como milho e trigo e abundância em outras commodities reforçam otimismo.

Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, aposta que a próxima década será marcada por baixos preços dos alimentos.

A FAO divulgou, nesta segunda-feira, um relatório com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, Ocde.

Crise dos alimentos

No documento, lançado em Paris e Roma, as duas agências estimam que os preços das commodities devem permanecer baixos, se comparados aos picos registrados no passado, e especialmente durante a crise dos alimentos entre 2007 e 2008

O Panorama da Agricultura Ocde-FAO 2017-2026 revela que a demanda em várias economias emergentes deve diminuir e as políticas de biocombustíveis terão um impacto menor sobre o mercado.

Um outro fator positivo são os altos níveis de reabastecimento dos estoques de cereais com até 230 milhões de toneladas durante a década passada aliado à abundância de outras commodities.

Ainda de acordo com a FAO e a Ocde, os derivados de leite, o açúcar e as oleaginosas permancerão como as principais fontes de calorias adicionais nos próximos 10 anos.

Carne

A previsão das duas agências é de que a demanda global por carne, per capita, diminua ainda que a expectativa seja de aumento na produção de carne e leite. O motivo é o aumento de grupos de baixa renda que devem deixar o crescimento da demanda em 1%, ao contrário dos 6% da última década.

Até 2026, os níveis de calorias diárias, em média, devem alcançar 2450 por pessoa nos países menos desenvolvidos. Já em nações em desenvolvimento, a marca pode exceder 3 mil calorias por dia.

A insegurança alimentar e malnutrição continuarão a ser um problema global, o que segundo a FAO e a Ocde precisa ser coordenado de forma internacional.

Peixe em fazendas

Índia e Paquistão devem acelerar a produção de leite. E o peixe produzido em fazendas será a fonte de proteína de maior crescimento dentre todas a commodities analisadas pelo estudo. Na China e no sudeste da Ásia, o peixe deverá representar a metade de proteína animal consumida até 2026.

A Índia deve se tornar o país mais populoso do mundo até 2026 e concentrará 42% do aumento na produção mundial de leite.

A expectativa é de que o comércio com agricultura continue mais resiliente a baixas na economia que em outros setores. A exportação de commodities será concentrada em alguns poucos países.

Este ano, o Panorama cobre o sudeste da Ásia, onde o crescimento econômico tem sido forte inclusive nos setores da agricultura e peixe. A produção de óleo de palmito deve cair por causa de um maior foco em desenvolvimento sustentável.

Em nível global, a produção de biocombustíveis deve registrar um crescimento de 17% contra 90% de décadas passadas. A produção de milho e trigo também deve subir.