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Acnur preocupado com fechamento de fronteiras nos Balcãs BR

Filippo Grandi visita Lesbos, em sua primeira passagem oficial como alto comissário da ONU para Refugiados. Foto: Acnur/A. Zavallis

Acnur preocupado com fechamento de fronteiras nos Balcãs

Chefe da agência da ONU disse que medida vai criar mais caos e confusão entre migrantes e refugiados na região; Filippo Grandi afirmou que decisão vai aumentar o peso sobre a Grécia, que é o país que mais recebe pessoas que estão fugindo da violência em seus próprios países.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que está preocupado com a decisão dos países da região dos Balcãs de aumentar as restrições em suas fronteiras.

A medida tem impacto direto sobre centenas de milhares de migrantes e refugiados que estão fugindo de conflitos na Síria, no Afeganistão, no Iraque e em outros países.

Caos e Confusão

Em sua primeira visita oficial à ilha de Lesbos, na Grécia, Grandi disse que o fechamento das fronteiras europeias ao longo da região dos Balcãs vai criar mais caos e confusão para migrantes e refugiados.

Segundo o alto comissário, a decisão vai aumentar o peso sobre a Grécia, que é a nação que mais recebe pessoas que fogem de guerras e conflitos.

Ele explicou que esses fechamentos de fronteiras estão acontecendo e ao mesmo tempo, não estão sendo criadas alternativas para o realojamento desses grupos.

Grandi visitou o porto e o centro de registro para refugiados e migrantes, que recebe diariamente 1,8 mil pessoas vindas, geralmente, da Turquia.

Solidariedade

O chefe do Acnur elogiou o trabalho da Guarda Costeira grega no resgate dos refugiados. Em 2015, mais de 500 mil refugiados chegaram à ilha de Lesbos, e somente neste ano, esse número já passou de 50 mil.

Filippo Grandi declarou que “a Europa não tem demonstrado muita solidariedade”, mas na Grécia, ele disse estar vendo o melhor lado do continente.

O alto comissário denunciou a tendência de classificar os refugiados pela nacionalidade. Alguns têm permissão para atravessar as fronteiras, como os sírios e os iraquianos, mas outros são bloqueados, como afegãos, somalis e palestinos.

Grandi quer debater numa conferência do Acnur, que será realizada no final de março, a promoção de meios legais de migração para os sírios. A meta é reduzir a dependência dos refugiados das redes de contrabandistas que fazem as travessias pelo Mar Mediterrâneo e regularizar o fluxo.