Perspectiva Global Reportagens Humanas

Violência contribui para crise de refugiadas da América Central e México BR

Mulher de El Salvador caminha em Chiapas, no México, em outubro deste ano.Foto: Acnur/M.Redondo

Violência contribui para crise de refugiadas da América Central e México

Segundo Acnur, mulheres fogem de seus países de origem para escapar de um “descontrolado aumento da violência” por parte de gangues e grupos criminosos; pedidos de asilo nos EUA aumentaram 384% desde 2008.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, está alertando para o aumento da fuga de mulheres da América Central e do México. Segundo a agência, elas abandonam seus países devido ao “descontrolado e fatal aumento da violência por parte de gangues e outros grupos criminosos”.

Ao lançar o relatório “Mulheres em Fuga”, o alto comissário António Guterres explicou que a violência em El Salvador,  Guatemala, Honduras e algumas partes do México está “generalizada”.

Fuga

O chefe do Acnur destacou que a crise de refugiados não está limitada ao Oriente Médio ou à África. Por isso, ele pede ação urgente e coordenada dos países da região das Américas para resolver o problema.

Para produzir o relatório, foram entrevistadas 160 mulheres que fugiram recentemente de algumas áreas do México e de El Salvador, Guatemala e Honduras, região conhecida como “Triângulo Norte da América Central”.

Estados Unidos

A agência da ONU registrou um aumento de 384% nos pedidos de asilo para os Estados Unidos, vindos de pessoas que fugiram do Triângulo Norte. Essa subida foi registrada desde 2008.

Segundo estatísticas do governo americano, entre mais de 16 mil mulheres desses países, 82% tinham medo de perseguição ou de tortura e puderam pedir asilo aos Estados Unidos.

Na pesquisa para o Acnur, 58% das mulheres que fugiram do Triângulo Norte informaram que tinham sido vítimas de abuso sexual. Segundo elas, grupos armados aterrorizam a população para estabelecer o controle de áreas e perseguem as mulheres.

Ameaças

Cerca de 85% das entrevistadas viviam em áreas controladas por criminosos.

96% das muheres que relataram ataques, abuso sexual, estupros ou ameaças à polícia não receberam proteção adequada.

O Acnur destaca que 64% das participantes da pesquisa receberam ameaças diretas dos criminosos e por isso, fugiram de seu país e 12% eram perseguidas pela polícia.

A agência da ONU pede aos países da América Central e América do Norte para reconhecerem a situação dos refugiados da região e estabelecerem medidas para identificar nas fronteiras as pessoas que precisam de proteção internacional.

Outra proposta defendida pelo Acnur é uma abordagem regional coordenada para o problema, que melhore o acesso à proteção e a soluções para os refugiados, tratando as causas do deslocamento forçado.

Leia Mais:

PMA aumenta ajuda a refugiados sírios

Ban: "Daesh, Al Shabaab e Boko Haram minam valores universais"

Conselho de Segurança revela "profunda preocupação" com o Burundi