ONU alerta que “Iraque está à beira de uma catástrofe”
Organização precisa de US$ 497 milhões para cobrir operações humanitárias pelos próximos seis meses no país; 10 milhões de pessoas devem precisar de algum tipo de assistência até o fim do ano.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
A ONU alertou esta quinta-feira que o Iraque está à beira de uma catástrofe por causa da escalada do conflito e da falta de dinheiro para cobrir as operações humanitárias no país.
Por isso, num evento no Parlamento Europeu, em Bruxelas, as Nações Unidas fizeram um apelo de US$ 497 milhões a países e organizações parceiras.
10 Milhões
O dinheiro, equivalente a mais de R$ 1,5 bilhão, vai ser usado para fornecer abrigo, água, comida e outros serviços básicos à população iraquiana pelos próximos seis meses.
Neste momento, oito milhões de pessoas precisam de ajuda no país e as autoridades calculam que esse número deve chegar a 10 milhões até o fim do ano.
Violência
A coordenadora humanitária para o Iraque, Lise Grande, afirmou que operações vitais para milhões de iraquianos afetados pelos conflitos correm o risco de serem canceladas se o dinheiro não for disponibilizado imediatamente.
Grande disse que a violência na região já causou o fechamento de 77 clínicas de saúde e obrigou a ONU a reduzir a entrega de alimentos para mais de 1 milhão de pessoas.
O conflito no Iraque entre as forças do governo e extremistas do Daesh, denominação em árabe para o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, obrigou mais de 3 milhões de pessoas a fugirem de suas casas.
Tragédia
A secretária-geral assistente para Assuntos Humanitários, Kyung-Wha Kang, disse que nos últimos 18 meses os iraquianos sofreram uma “terrível tragédia” que continua até agora.
Ela declarou que, recentemente, 237 mil pessoas foram obrigadas a fugir de Ramadi quando a cidade foi dominada pelo Daesh.
Segundo a secretária-geral assistente, mulheres e meninas estão sendo sequestradas e sujeitas à violência e escravidão sexual. Algumas crianças perderam os pais, outras foram recrutadas para lutar nos conflitos ou tiveram de fugir para não morrer.
Ela explicou que para responder a essa situação, a ONU e seus parceiros aumentaram os programas de ajuda dentro do país nesse último ano.
Kyung-Wha Kang disse que a operação humanitária no Iraque é uma das maiores e mais complexas do mundo, onde a organização fornece assistência a mais de 2 milhões de iraquianos, todos os meses, por todo o país.
Saúde
A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, afirmou que “a situação no Iraque é muito ruim e está piorando rapidamente”.
Chan disse que quase 7 milhões de iraquianos necessitam de cuidados médicos e que os centros de saúde no país só conseguem atender 2,7 milhões.
A chefe da OMS declarou que os hospitais estão superlotados e os estoques de remédios estão acabando. Em algumas regiões, mais de 45% dos profissionais de saúde fugiram por causa da violência.
Chan disse que os serviços públicos de saúde, fornecimento de água e saneamento estão entrando em colapso. Casos de sarampo foram registrados em 18 estados, o cólera é endêmico, a leishmaniose está aumentando e a pólio, que estava erradicada no país, voltou no ano passado.
A diretora-geral afirmou que pessoas que sofrem de doenças crônicas, como diabetes, câncer e problemas do coração, precisam de medicamentos regularmente. Segundo ela, os tratamentos foram interrompidos para a maioria desses pacientes.
Apesar de todos esses desafios, Margaret Chan disse que a OMS e seus parceiros estão fazendo o possível para manter em funcionamento os serviços essenciais de saúde.
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