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Para representante da ONU, situação no Líbano é “extremamente delicada” BR

Líbano vai restringir a entrada de sírios no país. Foto: Acnur/N. Colt

Para representante da ONU, situação no Líbano é “extremamente delicada”

José Fischel é consultor jurídico da Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur; país decide restringir acesso de civis da Síria e pedir visto de entrada; atualmente, um terço da população do Líbano é de refugiados.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, começa o ano de 2015 preocupada com a situação dos sírios que tentam fugir do conflito no país, que já dura quase quatro anos.

Segundo agências de notícias, o Líbano anunciou esta segunda-feira que vai restringir a entrada de sírios no país, que vão precisar a partir de agora de um visto.

Comparação

Sobre o assunto, a Rádio ONU ouviu o consultor jurídico do Acnur. De Paris, José Fischel explicou que a situação do Líbano é “extremamente delicada”, porque um terço da população é formada por refugiados.

“É um país que tem uma população de 4 milhões de habitantes e só registrados, são 1,2 milhão de refugiados. É como se no Brasil, onde temos hoje uma população de 200 milhões de habitantes, chegassem 70 milhões de refugiados. Ou seja, é inconcebível, e é isso que nós temos hoje no Líbano.”

Fronteiras

Fischel explica que o Líbano tem duas importantes preocupações, sendo que uma delas é continuar oferecendo proteção à população da Síria.

“A preocupação humanitária naturalmente é manter suas fronteiras abertas aos refugiados sírios. Não podemos negar que o Líbano também tem uma preocupação securitária legítima. O controle das suas fronteiras é um direito que deriva da soberania libanesa. E o Acnur, naturalmente está aberto a apoiar o Líbano para que no exercício de seus direitos soberanos, os refugiados sírios possam ser protegidos.”

Mais Apoio

O consultor do Acnur lembra que Turquia, Jordânia e Egito são outros países da região que já receberam milhões de sírios que fugiram do conflito. O representante do Acnur elogia o Brasil, por ter concedido vistos humanitários a milhares de civis da Síria.

Na Europa, Fischel informa que 60 mil sírios chegaram ao continente, mas a perspectiva do Acnur é que até 2016, este número dobre. A agência da ONU tenta sensibilizar autoridades de vários países para que recebam os refugiados da Síria, que segundo ele, constituem uma das maiores crises humanitárias da última década.