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“Crise econômica contribuiu para aumento da obesidade infantil em Portugal”

Foto: FAO/Verena Urrutia

“Crise econômica contribuiu para aumento da obesidade infantil em Portugal”

Afirmação é da representante do Conselho de Segurança Alimentar e Nutrição dos países da Cplp; Joana Fonseca Paiva destaca consumo maior de “fast food” e comida em lata; ela participa de conferência da FAO na Itália.

Leda Letra, enviada especial da Rádio ONU a Roma.*

O Conselho de Segurança Alimentar e Nutrição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Consan-Cplp, está preocupado com os índices de obesidade infantil em Portugal.

Em Roma, a entidade buscar trocar ideias com outros países sobre programas para garantir nutrição adequada. A representante do Consan acompanha na capital italiana as reuniões que precedem a Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição.

Em entrevista à Rádio ONU, Joana Fonseca Paiva destacou que o aumento da obesidade entre crianças portuguesas passou a ser notado após a crise econômica de 2008-2009.

Fast food

“As pessoas começaram a reduzir os custos que tem na alimentação, começaram a comer cada vez pior, e isto tem vindo a refletir na forma como está a nutrição e a alimentação em Portugal. Temos, por exemplo, mais da metade das crianças portuguesas com obesidade. Portanto é uma questão importante também ouvirmos aqui e tentarmos levar para Portugal algumas ideias de forma a evitar esta situação.”

Joana Fonseca Paiva fornece alguns exemplos sobre mudanças concretas que os portugueses têm feito na hora de escolher o que levar à mesa.

“Fast-food, comidas enlatadas, comidas muito práticas. O peixe e a carne estão cada vez mais caros, portanto as pessoas tentam a reduzir desta forma. Há famílias que não têm dinheiro para comer, portanto só fazem uma alimentação por dia. As crianças que vão à escola aproveitam a alimentação escolar para ter uma refeição saudável, porque em casa não têm.”

Segundo a representante do Consan-Cplp, a entidade deve criar um grupo de trabalho com outros representantes dos países de língua portuguesa para discutir as políticas que serão adotadas na Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição.

Conferência global

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, calcula que 2 bilhões de pessoas no mundo têm déficit de nutrientes adequados, como ferro, zinco e vitaminas.

Nesta segunda e terça-feiras, cerca de 200 representantes da sociedade civil estão reunidos na Universidade Roma Tre, num pré-encontro que antecede a conferência global.

*Apoio Institucional: FAO/Roma.