Lusófonos africanos levam contribuições para encontro sobre nutrição em Roma

Representante da Marcha Mundial das Mulheres Moçambique defende divulgação de informações mais adequadas às grávidas; já Angola fala sobre políticas que beneficiem camponeses; sociedade civil participa de conferência global.
Leda Letra, enviada especial da Rádio ONU a Roma.*
Representantes de organizações da sociedade civil estão na capital da Itália a participar da Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição. Nesta segunda e terça-feiras, as ONGs apresentam suas contribuições e preocupações sobre má nutrição, obesidade e falta de nutrientes.
As reuniões decorrem antes da abertura do grande encontro global, promovido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, e Organização Mundial da Saúde, OMS.
Mitos
A sociedade civil moçambicana está representada por Olga Loforte, da Marcha Mundial das Mulheres. Em entrevista à Rádio ONU, em Roma, Olga alertou ser preciso derrubar mitos que envolvem a alimentação de mulheres grávidas.
“Está em jogo toda a produção de alimentos, de escolher que alimento é melhor para a saúde. E no nosso país, muitas vezes quando estamos grávidas e vamos a um posto de saúde, o que nos dizem é para tomar ácido fólico ou vitamina C. Mas nunca nos dão uma educação, uma informação nutricional adequada. Tem até preconceitos de mulheres de que as mulheres (grávidas) não podem comer isto ou aquilo. Por exemplo: que não podem comer ovos, que não podem comer ananás. Tem uma série de alimentos ricos para a saúde, mas que as mulheres não podem comer por questões culturais.”
Agricultura
Olga Loforte lembra que mães bem alimentadas conseguem passar nutrientes essenciais aos seus bebés. Os especialistas reunidos em Roma abordam também questões relacionadas a todos os estágios da alimentação, começando pela fase de produção dos alimentos.
Neste sentido, o representante da União Nacional dos Camponeses Angolanos, Vitor Paulo Salusseque, fala sobre as necessidades dos pequenos agricultores.
Parcela Vulnerável
“Nesta altura estamos a trabalhar numa pesquisa a nível rural, a nível do campo, que basicamente vai de acordo com o tema que está a ser debatido aqui na Conferência sobre Nutrição. Boa parte dos camponeses é a camada um bocadinho mais vulnerável. Vamos tentar ver o que a gente vai aprender aqui para poder disseminar aos camponeses também. A princípio, tudo parte de uma educação. Primeiro que os recursos são escassos, mas para os camponeses, quanto mais informação tiver, melhor.”
Segundo Vitor Paulo Salusseque, a educação é essencial para camponeses e população em geral saber como manter uma dieta saudável. Em Angola, legumes e tubérculos estão entre os principais produtos agrícolas.
*Apoio Institucional: FAO/Roma.