Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU presta tributo ao Haiti em dia internacional sobre escravidão BR

ONU presta tributo ao Haiti em dia internacional sobre escravidão

País tornou-se independente há 210 anos, após luta liderada por escravos; no Dia Internacional em Memória às Vítimas da Escravatura, Unicef lembra que milhares de crianças haitianas sofrem com a escravidão moderna.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

As Nações Unidas prestam homenagem esta terça-feira a mais de “15 milhões de homens, mulheres e crianças” que foram vítimas da escravidão por mais de 400 anos.

No Dia Internacional em Memória às Vítimas da Escravatura e do Tráfico Transatlântico de Escravos, celebrado todos os anos em 25 de março, o Secretário-Geral lembra as consequências e “perigos do racismo e preconceito”.

Vitórias

A mensagem de Ban Ki-moon destaca a vitória conquistada pelo Haiti há 210 anos, quando o país tornou-se independente após a luta liderada por escravos.

O tema do dia internacional este ano é “Vitória sobre a Escravidão: do Haiti para o Mundo”. Apesar dos avanços, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, lamenta que milhares de crianças haitianas sejam vítimas de formas modernas de escravidão.

Exploração

Em entrevista à Rádio ONU, do Cabo Haitiano, a coordenadora de comunicação do Unicef falou sobre a situação dos “restavec”. São menores de famílias pobres, principalmente de zonas rurais, que passam a ser explorados por famílias mais ricas.

Segundo Mariana Palavra, 85% do ensino no Haiti é privado e por isso, existe a esperança de que essas crianças pobres terão a chance de estudar na capital do país, Porto Príncipe.

“Cujos pais não têm dinheiro suficiente para lhes dar de comer ou enviá-las à escola e acabam por entregar essas crianças a membros da família mais ricos, que vivem nas cidades, ou mesmo desconhecidos, que ficam com essas crianças prometendo enviá-las à escola e dar-lhes de comer. Mas essas crianças acabam por se tornar empregadas domésticas. São essas crianças que vão buscar água, que levantam às cinco da manhã para lavar a roupa de toda a família. E depois temos casos mais graves, de crianças que muitas vezes são vítimas de abuso sexual.”

Segundo Mariana Palavra, o Unicef e o governo haitiano vão preparar um novo estudo este ano para saber exatamente quantas crianças estão nesta situação. O último levantamento, feito há mais de 10 anos, mostrou que 250 mil menores eram “restavec”.