Conselho de Segurança não aprova resolução contra referendo na Ucrânia
Proposta foi vetada pela Rússia. Estados Unidos, França e Grã-Bretanha votaram a favor e China se absteve; documento condenava referendo dizendo que ele não tem validade e não pode servir de base para qualquer mudança no “status” territorial da Crimeia.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O Conselho de Segurança não conseguiu aprovar, este sábado, resolução que condena o referendo marcado para este domingo na Ucrânia. A população da Crimeia vai decidir se a região autônoma continuará parte do território ucraniano ou fará parte da Rússia.
A proposta foi vetada pela Rússia, único voto contra a medida. A China, que também tem poder de veto, se absteve na votação. Estados Unidos, França e Grã-Bretanha foram a favor do projeto que condena o referendo dizendo que ele é ilegal e não tem qualquer validade.
Reflexo
A embaixadora dos Estados Unidos junto à ONU, Samantha Powers afirmou que a votação no Conselho de Segurança foi o reflexo do que a Rússia nega, mas que o resto do mundo já sabe.
Powers disse que a crise foi “fabricada” em Moscou. Segundo ela, o governo russo ordenou que suas forças armadas tomassem o controle de importantes instalações na Crimeia. Como também que ameaçassem autoridades locais e ocupassem a fronteira entre os dois territórios.
A embaixadora afirmou ainda que o referendo foi criado no Kremlin. Ele é inconsistente com a constituição ucraniana e com as leis internacionais, é ilegítimo e não terá qualquer efeito legal.
Segredo
Pouco antes da reunião, o embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que “não era nenhum segredo que a Rússia votaria contra o documento”.
O embaixador da Ucrânia, Yuriy Sergeyev abriu o discurso no Conselho de Segurança agradecendo o apoio quase total de seus membros.
Ele disse que não foi surpresa nenhuma o fato da Rússia ter votado contra a resolução. Sergeyev disse ainda que os trágicos acontecimentos na Ucrânia serviram para unir todos.
Isolamento
A situação foi criticada também pelos embaixadores da França, Gerard Araud e da Grã-Bretanha, Mark Grant. Eles disseram que o resultado final mostrou o isolamento da Rússia do Conselho de Segurança e da comunidade internacional em relação à Crimeia.
O embaixador chinês, Liu Jieyi, afirmou depois da votação que seu país buscou uma solução equilibrada para o conflito.
Ele pediu a criação de um grupo de coordenação, um pacote de apoio para a Ucrânia e também que os países evitem adotar ações que provoquem uma escalada do conflito.
Apesar da rejeição, o resultado final mostrou amplo apoio à resolução, que obteve 13 votos a favor dos 15 membros do Conselho de Segurança. O veto de qualquer membro permanente do órgão, como é o caso da Rússia, significa que a proposta não pode ser adotada.
O projeto tinha como objetivo reafirmar a soberania, a independência e a integridade territorial da Ucrânia e considerar o referendo sem qualquer validade.