FAO diz que ilhas do Pacífico devem abrir mão de comida processada
Agência da ONU recomenda produção de alimentos locais e mais saudáveis; especialistas dizem que mudanças serão melhor para saúde e para a economia da região.
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
Os países da região do Pacífico devem investir na produção de alimentos locais e mais saudáveis para melhorar as taxas de saúde e de economia da região.
A recomendação foi feita pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO. O comunicado foi divulgado nesta terça-feira, em Ulan Bator, capital da Mongólia.
Doenças Crônicas
Especialistas dizem que ao abandonar alimentos processados, os pequenos agricultores poderão ajudar a combater obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
Para a FAO, a meta pode ser alcançada com políticas multisetoriais que levem à baixa na demanda por produtos importados. A proposta está sendo debatida na 32ª. Conferência Regional para Ásia e Pacífico.
A agência acredita que com uma política coordenada, a procura por produtos locais pode aumentar, especialmente nos mercados turísticos, que crescem a cada dia.
Dieta Nociva
Com a medida, os especialistas esperam que as taxas de mortalidade caiam, uma vez que muitas doenças são causadas por uma dieta nociva à saúde.
Tradicionalmente, os alimentos nas ilhas do Pacífico sempre foram cultivados localmente como a pesca nas águas da região. Outros produtos como cacau, café, açúcar e banana complementam a dieta dos moradores.
Mas uma queda na competitividade dos produtores locais tem levado ao aumento de produtos importados e processados. Uma das maiores dificuldades dos agricultores é a falta de recursos para modernizar suas ferramentas de produção.
Depósitos de Alimentos
Uma das medidas propostas pela FAO é o lançamento de incentivos fiscais e de concessão de empréstimos para a agricultura. A agência também propõe melhorias na infraestrutura das ilhas do Pacífico como o reparo de estradas, portos e depósitos de alimentos assim como transporte e comunicação.
Para que a iniciativa dê certo, especialistas da FAO afirmam que será preciso o engajamento dos governos como também do setor privado.
Na segunda-feira, o relator sobre o direito à alimentação, Olivier de Schutter, disse que os sistemas de produção de alimento estão mais concentrados em aumentar seus lucros do que em promover a segurança de quem precisa de comida.
Para o relator, é hora de redesenhar de forma “radical e democrática” as políticas de promoção agrícola e de cortar a importação de alimentos em alguns mercados.