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Conselho de Segurança alerta que é “terrível” situação no Sudão do Sul BR

Conselho de Segurança alerta que é “terrível” situação no Sudão do Sul

Presidente do órgão fez declaração depois de reunião do grupo para discutir o assunto; Gérard Araud afirmou que ainda há muitos confrontos, principalmente perto da cidade de Bor.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O Conselho de Segurança realizou esta segunda-feira, reunião de emergência para discutir a crise no Sudão do Sul.

O presidente do Conselho, o embaixador francês, Gérard Araud, alertou que  a situação no país é “terrível”. Ele afirmou que ainda há muitos confrontos em várias regiões, principalmente perto da cidade de Bor, no estado de Jonglei.

Tortura

Araud declarou que a situação dos direitos humanos também é muito preocupante.

Segundo ele, há relatos de práticas de tortura, assassinatos, desaparecimentos e violência étnica. Ele explicou que o setor de direitos humanos da missão está recebendo um foco maior.

O embaixador francês citou ainda que o reforço das tropas está sendo feito como planejado. E apesar de dizer que o número de mortos por causa do conflito seja muito alto, ele afirmou que é impossível dar um dado concreto.

A ONU calcula que mais de mil pessoas tenham morrido devido às disputas no Sudão do Sul. Os confrontos étnicos envolvem as comunidades Dinka, do presidente Salva Kiir e Nuer, do ex-vice-presidente, Riek Machar.

Compromisso

Mais cedo, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, conversou por telefone com Salva Kiir.

Ban elogiou o compromisso de Kiir de pôr um fim às hostilidades étnicas e a disposição de engajar líderes da oposição em um diálogo nacional. O chefe da ONU encorajou o presidente sul-sudanês a libertar os prisioneiros políticos.

O Secretário-Geral reiterou o apoio da ONU ao processo de mediação que está sendo feito pela Autoridade Intergovernamental sobre Desenvolvimento, Igad, grupo que inclui oito países da África Ocidental.

Ban pediu cooperação total de todas as partes envolvidas na busca de uma solução pacífica para a crise atual. Ele quer ainda que os responsáveis pelos ataques contra civis sejam levados à justiça.

Deslocados

A Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, afirmou que o número de deslocados no país desde 15 de dezembro, quando começaram os conflitos, chegou a 180 mil.

Os refugiados nas bases da ONU na região já são 75 mil, incluindo a capital Juba e as cidades de Bor, Bentiu, Malakal e Pariang.

O Escritório das Nações Unidas de Assistência Humanitária, Ocha disse que dentro e fora de bases da Unmiss cerca de 106 mil pessoas receberam algum tipo de ajuda até ao momento.

O apoio aos deslocados inclui alimentação, cuidados de saúde, vacinas, água potável, saneamento e serviços de proteção.

Jovens Armados

Em comunicado, a Unmiss disse que está extremamente preocupada com o grande número de jovens armados que avançam para a cidade de Bor, capital do Estado Jonglei.

A Missão da ONU informou que tem acompanhado o movimento do grupo, mas não pode confirmar de forma independente o tamanho ou localização desse jovens.

Segundo a Unmiss, alguns grupos estão a 50 Km de Bor. A cidade está, em sua maior parte, sob o controle das tropas do governo.

A representante especial do Secretário-Geral para o país, Hilde Johnson, se reuniu durante o fim de semana com o presidente sul-sudanês, Salva Kiir e com o ex-vice-presidente Riek Machar.

Influência

Ela pediu aos líderes que usem sua influência para impedir o avanço desses jovens armados em direção a Bor.

No estado Unidade, a situação é tida como calma mas tensa, em torno da capital Bentiu. A missão registrou fortes combates na cidade de Mayom, que fica na região nordeste.

Na sexta-feira, desembarcou no país o primeiro grupo de políciais da ONU vindos da Missão da ONU na República Democrática do Congo, Monusco.

A Unmiss anunciou a chegada do primeiro pelotão da polícia em Bor para impôr ordem e segurança na base da missão na cidade.