Perspectiva Global Reportagens Humanas

Retrospectiva 2012: Capítulo 2

Retrospectiva 2012: Capítulo 2

No segundo capítulo da série especial, vamos relembrar os principais acontecimentos ocorridos entre abril e junho deste ano. Entre os destaques, um golpe de Estado na Guiné-Bissau, a condenação do ex-presidente da Libéria, Charles Taylor e a realização, no Brasil, da Conferência Rio+20.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Abril foi um dos meses mais intensos do ano para a diplomacia em língua portuguesa, após o golpe de Estado na Guiné-Bissau, que ocorreu no dia 12.

O tema foi rapidamente levado ao Conselho de Segurança numa sessão da qual participaram várias organizações regionais, incluindo a União Africana, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp e membros da Comissão de Consolidação da Paz para a Guiné, uma iniciativa da ONU dirigida pela embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti.

Resolução

“É preciso restituir a ordem constitucional na Guiné-Bissau e não há intenção nenhuma de admitir qualquer forma de transição.”

Numa resolução, o Conselho de Segurança da ONU impôs proibição de viagens aos militares líderes do golpe, que também destituíram do cargo o presidente do país e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, que se refugiaram no exterior.

A volta à ordem democrática na Guiné seria debatida ainda mais vezes em reuniões da ONU e encontros paralelos da Comunidade Econômica da África Ocidental, Cedeao, e da própria Cplp. O governo de transição, no entanto, permaneceria no poder.

ECA

Mas a Guiné-Bissau não seria o único conflito registrado na África no segundo trimestre do ano. A crise no Mali e a violência chamaram a atenção da comunidade internacional. Mais de 200 mil pessoas fugiram do conflito tornando-se deslocados internos.

Ao ser nomeado pelo Secretário-Geral da ONU como novo chefe da Comissão Econômica para a África, o guineense Carlos Lopes falou à Rádio ONU sobre o desafio do setor para vários países, apesar de boas taxas de crescimento em algumas nações da África Subsaariana incluindo as de língua portuguesa.

Carlos Lopes “De uma maneira geral, pode-se dizer que os países lusófonos estão a portar-se bem, do ponto de vista econômico, mas isso não é suficiente porque há problemas de distribuição, de desigualdade, nas áreas sociais que precisam de consolidação, como educação e saúde. Digamos, de uma maneira geral, o que me preocupa, e isso não é específico aos lusófonos, mas interessa-me também em relação aos lusófonos é de que uma boa gestão econômica implica grande capacidade estratégica e poder de antecipação, e neste quesito, todos têm trabalho de casa a fazer.” 

Ásia

Enquanto isso, num outro país de língua portuguesa, o Timor-Leste, um dos herois da independência se despedia da presidência após perder a eleição no primeiro turno, o também ex-primeiro ministro e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, José Ramos Horta, que passou o cargo ao ganhador do pleito: Taur Matan Ruak, que tomou posse em 20 de maio.

Fiquei muito feliz, orgulhoso de passar o testemunho ao novo presidente eleito, em condições de serenidade, de democracia, orgulhoso do nosso povo, do nosso sistema político.”

Esta mesma região do mundo, o sudeste asiático, viveria um outro momento histórico com a primeira visita do Secretário-Geral Ban Ki-moon a Mianmar, a antiga Birmânia, um país liderado por uma junta militar, que começava a investir no processo de democratização.

E uma das vitórias era o retorno à vida pública da líder da oposição e Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, para o Parlamento do país, após passar mais de uma década em prisão domiciliar imposta pela junta.

Condenação

No fim de maio, um veredicto do Tribunal Penal Internacional chamou a atenção do mundo: a condenação do ex-presidente da Libéria, Charles Taylor. O anúncio foi lido pelo juiz Richard Lussik, em Haia.

O magistrado informou ao reu, Charles Taylor, que o júri havia condenado o ex-presidente, por unanimidade, a 50 anos de prisão por crimes contra a humanidade e participação na guerra civil do país vizinho, a Libéria.

Angelina Jolie com refugiados sírios Outro caso de abuso dos direitos humanos também ganharia a atenção da comunidade internacional quando a Comissão de Inquérito sobre a Síria confirmou que o país havia cometido violações de direitos humanos durante os confrontos entre tropas do governo e rebeldes.

Massacre

Em maio de 2012, a comunidade internacional expressou seu choque com o massacre de Houla, que matou mais de 100 pessoas, a maioria mulheres e crianças sírias. 

A alta comissária de direitos humanos, Navi Pillay, disse que o governo sírio tinha que suspender o uso de armas contra áreas fortemente populadas.

Ainda no segundo trimeste do ano, a ONU enviou uma missão de observadores ao país, que foi depois de alguns meses, cancelada.

A violência política na Síria levou mais de 500 mil pessoas a fugir para os países vizinhos. A atriz Angelina Jolie, nomeada enviada especial do Acnur, foi uma das vozes de uma campanha sobre refugiados. 

Neste vídeo ela falou sobre a luta de pessoas que têm que deixar suas casas por causa de perseguição e guerras.

O fim da violência na Síria permaneceu no topo da agenda das Nações Unidas por todo o ano ao lado de outros temas prioritários, como por exemplo, as Metas de Desenvolvimento do Milênio e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que passarão a vigorar a partir de 2015.

Rio+20

Um tema, aliás, discutido durante a conferência Rio + 20, realizada no Rio de Janeiro. Nesta entrevista à Rádio ONU, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, falou sobre o conceito de economia verde. 

“Não vejo o conceito da economia verde como um empecilho. Ele é um conceito aberto em construção, vai ser tratado desta maneira. Como dizem em inglês: não é um tamanho único para todos. É um conceito que pode ser adaptado ao nível de desenvolvimento, às características individuais de cada país, e num espírito de uma relativa flexibilidade, sem rigidez.”

A conferência terminou com a Declaração O  Futuro que Queremos. Mas a Rio + 20 foi também um ponto de encontro para vários países da Comunidade de Língua Portuguesa, Cplp, que inauguraram na ONU, no mesmo segundo trimestre do ano, a primeira Semana da Língua Portuguesa. Um dos presentes ao evento foi o embaixador de Angola, Ismael Martins.

Dia do Jazz na Assembleia Geral Cultura 

E um outro evento cultural na sede da ONU comemoraria o primeiro Dia Internacional do Jazz. A noite teve a participação de um brasileiro: Romero Lubambo.

E um outro brasileiro, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, recebeu da Assembleia Geral uma homenagem pelos programas sociais de seu estado, como ele contou à Rádio ONU nesta entrevista. 

“É uma emoção enorme a gente poder estar aqui  na sede da ONU, no espaço da sua Assembleia Geral sendo reconhecido exatamente por  aqueles que têm como preocupação exatamente melhorar o serviço público mundo afora.”

Um outro destaque para o final do segundo trimestre de 2012, e já entrando no terceiro, iria para uma cidade, marcada por desafios, contrastes, mas também muita beleza natural.

Em primeiro de julho, o Rio de Janeiro foi eleito pela Unesco, Patrimônio Histórico da Humanidade, na categoria paisagem cultural urbana. Uma escolha histórica ao a ser a primeira cidade a entrar para essa lista da Unesco.

Rio de Janeiro recebeu título da Unesco No próximo capítulo da Retrospectiva, você vai saber sobre o evento mais importante no calendário anual da ONU: os debates dos líderes de Estado e Governo na Assembleia Geral.

Apresentação e Reportagem: Mônica Villela Grayley.

Produção: Leda Letra.

Assistência de Produção: Denise Costa.

Técnica: Peter Kurisko.  

Ouça Também:

Retrospectiva: Capítulo 1

Retrospectiva: Capítulo 3