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Estudo da FAO aponta declínio de florestas naturais de teca

Estudo da FAO aponta declínio de florestas naturais de teca

Especialista de Florestas da Agência preocupa-se com desaparecimento de recursos genéticos, devido a diminuição de volume e qualidade da árvore de teca; mas replantio tem aumentado inclusive no Brasil, diz FAO.

[caption id="attachment_213359" align="alignleft" width="350" caption="Foto: FAO"]

Susete Sampaio, da Rádio ONU em Lyon.

Enquanto a superfície de florestas de teca naturais diminui, verifica-se um aumento do replantio. Esta e outras tendências foram apresentadas no comunicado desta segunda-feira da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.

Através dos resultados do inquérito ‘Recursos Mundiais de Teca e Avaliação do Mercado’, a FAO analisou 60 países tropicais.

Tendências

Como resultado do estudo, regista-se uma tendência de redução de florestas naturais de teca em todo o mundo e uma deterioração da qualidade da madeira natural de teca – uma madeira bastante usada para a construção naval.

Espera-se que no futuro a produção sustentável de florestas naturais de teca seja limitada devido à deflorestação e à competitividade dos serviços ambientais. Uma situação que leva o especialista florestal da FAO, Walter Kollert, a dizer que o declínio no volume e qualidade de teca natural, causa a perda progressiva de recursos genéticos. Por isso, Kollert considera que é essencial planear, organizar e implementar programas para a conserva genética dos recursos nativos de teca nos quatro países principais.

Maior plantação

Quatro países que são: Índia, Laos, Mianmar e Tailândia – onde as árvores de teca ocupam um total de 29 milhões de hectares. Desses quatro, a Índia é o único país que produz teca de alta qualidade. Segundo o inquérito, essas florestas naturais perderam 1,3 por cento de área ocupada entre 1992 e 2010.

A Ásia detém 90 por cento dos recursos de teca, sendo que a Índia tem 38 por cento das florestas com árvores de teca. O maior fluxo comercial de teca é dirigido para este último país, que é considerado como o país número um para importação de teca por 11 dos 14 países deste estudo que deram dados. Em conjunto com a Indonésia e Myanmar, devem manter a sua posição no mercado enquanto produtores de teca de qualidade.

Por outro lado, a FAO defende que existe uma maior área de plantação de florestas de teca, o que somado ao uso de boas práticas de gestão contribui para a produção de madeira de grande qualidade.

A teca é uma das madeiras mais importantes e mais valiosas em todo o mundo, sendo que a plantação de florestas dessa madeira tem atraído muitos investimentos do setor privado em África, Ásia e América Latina. Uma tendência do mercado que causou o aumento de área de cultivo de teca nessas regiões e em países como Brasil, Benim, Gana, Nigéria, Tanzânia, entre outros.