OMS quer proteger adolescentes de gravidezes e casamentos precoces
Estudo da Organização Mundial da Saúde indica que mulheres tornam-se mais vulneráveis quando dão à luz ainda adolescentes; organização lança seis recomendações para prevenir gravidez precoce e problemas reprodutivos.
Joyce de Pina, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, debruçou-se sobre a saúde reprodutiva e riscos que gravidezes em adolescentes representam para a saúde pública.
Num relatório apresentado pelo secretariado da organização, em Genebra, a OMS indicou que em 2008 ocorreram 16 milhões de nascimentos de mães entre os 15 e os 19 anos. Quase todos em países de médio ou baixo rendimento.
Situação Global
Enquanto nos países asiáticos, por exemplo, a média indica que cinco em cada mil nascimentos são de mães adolescentes, em África os números apontam 121 em cada mil nascimentos.
As gravidezes e nascimentos de adolescentes entre os 10 e os 14 anos são raros, e é na África Sub-Sahariana que se registam muitos casos. Mulheres que dão á luz antes dos 15 anos chegaram a atingir os 12 por cento dos nascimentos totais em determinados países da região.
Determinantes
A OMS recorda que a maior parte das pessoas inicia a atividade sexual entre os 15 e os 19 anos, sendo os rapazes os mais precoces. No entanto, nos países de baixo rendimento, a atividade sexual das adolescentes está, com frequência, associada a casamentos precoces ou é resultado de coersões por parte de homens mais velhos.
Os dados estatísticos indicam que 60 milhões de mulheres, hoje em dia, entre os 20 e os 24 anos, casaram-se antes dos 18 anos. O continente africano lidera, assim como é número um na lista dos países que recorrem menos ao uso de preservativos.
Consequências
A falta de acesso à educação ou à informação, desconhecimento sobre doenças como HIV/Sida, ausência de métodos contraceptivos ou do uso de preservativos e ainda as gravidezes em adolescentes ou idades mais precoces são fatores que contribuem para complicações nas gravidezes e durante o parto, e que podem levar à mortalidade da mãe e do bebé.
Gravidezes não acompanhadas em mulheres com menos de 20 anos, oriundas de países de rendimentos baixos, têm até 50 por cento de possibilidade de gerar nados-mortos, bebés mortos na primeira semana ou primeiro mês de vida.
Prevenção
A OMS propõe seis medidas para tentar reduzir estes riscos e proteger as mães e grávidas adolescentes:
1. Reduzir os casamentos com jovens de menos de 18 anos.
2. Reduzir as gravidezes antes dos 20 anos.
3. Aumentar o uso de métodos contraceptivos.
4. Reduzir relações sexuais fruto de coersão.
5. Reduzir abortos inseguros.
6. Aumentar a assistência prénatal, durante o parto e pósparto.
Estas recomendações, ainda de acordo com a OMS, necessitam do apoio dos líderes políticos e das comunidades, assim como das famílias e homens e rapazes sexualmente ativos.