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Indígenas deslocados na América Latina mais expostos à contaminação com Covid-19 BR

Os refugiados e migrantes indígenas venezuelanos da etnia Warao foram transferidos para um espaço seguro em Manaus, Brasil, em meio à pandemia do Covid-19.
© Acnur/Felipe Irnaldo
Os refugiados e migrantes indígenas venezuelanos da etnia Warao foram transferidos para um espaço seguro em Manaus, Brasil, em meio à pandemia do Covid-19.

Indígenas deslocados na América Latina mais expostos à contaminação com Covid-19

Migrantes e refugiados

Agência da ONU para Refugiados, Acnur, cita milhares de integrantes do povo Warao, da Venezuela, que foram abrigados no Brasil; Espanha e União Europeia organizam nova conferência de doadores. 

As Nações Unidas estão preocupadas com os riscos de contaminação enfrentados por indígenas da América Latina durante a pandemia.

Segundo a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, quase 5 mil integrantes de comunidades indígenas da Venezuela foram abrigados no Brasil, que está se tornando o epicentro da Covid-19 na região.

No Brasil, o Acnur e as autoridades estão providenciando abrigos adequados, comida, remédios e outros serviços para cerca de mil indígenas Warao.
No Brasil, o Acnur e as autoridades estão providenciando abrigos adequados, comida, remédios e outros serviços para cerca de mil indígenas Warao. Foto: © Funpapa/Camila França

Água e saneamento 

Os índices de contaminação também aumentaram na Amazônia. O Acnur realça a falta de saneamento e água em várias áreas.

A maioria dos indígenas venezuelanos no Brasil é da etnia Warao. 

Já na Colômbia, indígenas com dupla nacionalidade vivem perto da fronteira venezuelana. E muitos não conseguiram regularizar sua situação na Colômbia apesar de laços ancestrais com o país vizinho. 
Eles são de várias etnias: Wayuu, Bari, Yukpa, Inga, Sikwani e Amorúa. Nesse caso, além de riscos de contaminação com a Covid-19, muitos estão sofrendo ameaças de grupos armados na região. 

Isolamento 

Vivendo em áreas remotas, esses indígenas não têm acesso a serviços de saúde, água e sabão para a higiene necessária na prevenção da pandemia. Muitos sofrem de má nutrição agravada com as medidas de fechamento e isolamento social contra a Covid-19.

Em várias aldeias, a subsistência foi afetada pela suspensão de atividades como agricultura e venda de artesanato. Com isso, muitos tiveram que sair às ruas para obter recursos aumentando assim os riscos de contaminação. 

Mortes

O Acnur lembrou que sem os meios eletrônicos de ensino a distância, as crianças indígenas fora da escola não têm oportunidade de aprender. Desde março, a agência da ONU está atuando com os governos para atender as áreas remotas. 

Após o aumento dos casos do novo coronavírus, as aldeias já notificam as primeiras mortes pela doença. 

No Brasil, o Acnur e as autoridades estão providenciando abrigos adequados, comida, remédios e outros serviços para cerca de mil indígenas Warao. 

Quase 770 foram enviados para abrigos em Belém e Manaus com melhores condições de higiene para combater a pandemia.
© Acnur/Felipe Irnaldo
Quase 770 foram enviados para abrigos em Belém e Manaus com melhores condições de higiene para combater a pandemia.

Belém e Manaus

Quase 770 foram enviados para abrigos em Belém e Manaus com melhores condições de higiene para combater a pandemia.  A ação faz parte da Operação Acolhida.

Na próxima semana, a Espanha e a União Europeia realizarão uma Conferência de Doadores para refugiados e migrantes da Venezuela. 

Segundo o Acnur, o Plano de Resposta Regional apenas recebeu 4% do valor pedido para socorrer migrantes e refugiados venezuelanos.