Perspectiva Global Reportagens Humanas

Representante da OMS explica o uso de tecnologias de saúde digital

Bernardo Mariano Júnior dirige o setor de Tecnologias da Informação como secretário-geral assistente das Nações Unidas

A sociedade tem que ter uma boa discussão e uma boa atenção na área de ética e privacidade de dados.

Bernardo Mariano Júnior , diretor do Departamento de Gestão de Informação e Tecnologias da OMS.

OMS
Bernardo Mariano Júnior dirige o setor de Tecnologias da Informação como secretário-geral assistente das Nações Unidas

Representante da OMS explica o uso de tecnologias de saúde digital

Saúde

Em entrevista à ONU News, o diretor do Departamento de Gestão de Informação e Tecnologias da OMS, Bernardo Mariano explicou alguns tipos de tecnologias usadas por médicos, enfermeiros e profissionais de saúde que já são usados.

Saúde digital no momento em que estão a expandir os meios tecnológicos, as plataformas digitais. O que significaria para quem tem um celular, um tablet, para quem está muitas horas do dia em frente à de uma tela?

A saúde digital é a saúde que nós hoje chamamos digital, mas na verdade no futuro irá se chamar simplesmente da saúde. No mundo todo, as comunidades vão usar na área profissional a tecnologia digital para melhorar aquilo que hoje os médicos, enfermeiros e profissionais de saúde fazem em termos de diagnostico, tratamento e reabilitação. Nessa saúde digital há vários meios, um dos meios é o próprio celular que pode se usar para, por exemplo diagnosticar o câncer ou câncro de pele, que neste momento já existe essa tecnologia implementada e existem empresas que já tem isso no mercado. Também existem tecnologias, por exemplo, para resolver um problema que afeta muita gente como a diabetes. Como podemos usar o telefone para ver o nível de açúcar, usando a retina por exemplo, como uma maneira de diagnosticar. Os avanços da tecnologia digital na área de saúde está a mudar radicalmente como pacientes e pessoas que queiram manter o seu bem-estar possam se beneficiar desses meios tecnológicos. É verdade que nessa aplicação, nessa adoção, temos que ter também atenção aos riscos que isso tem em relação a tecnologias de solução que na verdade perigam a saúde das pessoas porque não tem aqueles standards e não aderem aos standards e aos princípios que permitam que possamos classificar esses tecnologias como seguro para o consumo, tanto no nível clinico quanto de bem estar.

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E a questão da privacidade? Algumas pessoas não querem que as informações sobre a sua saúde cheguem a pessoas indesejáveis.

Sim, é verdade. Essa área é uma área que tem uma evolução muito grande nesses últimos tempos. Principalmente, na área de inteligência artificial na saúde, em que os algoritmos que existem tanto na área de inteligência artificial baseiam-se em dados. E estes dados são dados de pacientes. E a área de privacidade, a área de ética, tanto no uso e o consumo desses dados, tanto para a inteligência artificial, como também para fazer o prognóstico de certas doenças, que podem vir no futuro de acordo com indicadores que apresentam, o diagnóstico que apresenta. Isso tudo afeta muito e a sociedade tem que ter uma boa discussão e uma boa atenção na área de ética e privacidade de dados.

Parte de sua plataforma é utilizar as inovações e tecnologias digitais para acelerar o cumprimento da agenda da OMS e de seus objetivos estratégicos
J.D.Kannah/OMS
Parte de sua plataforma é utilizar as inovações e tecnologias digitais para acelerar o cumprimento da agenda da OMS e de seus objetivos estratégicos

 

Estima-se que a banda larga vai expandir e as conexões subam até 87% entre a população até 2025. Que impacto esses dados têm na saúde digital?

Na saúde digital, a telemedicina por exemplo depende muito da disponibilidade das pessoas em ter o acesso à banda larga e aos telefones móveis. É verdade que neste momento somente 51% da população tem a cobertura da banda móvel. Isso são dados da União Internacional de Telecomunicações. E nós temos trabalhado com eles nesta área de tecnologia e saúde. Também estamos por causa da grande adoção na área subsaariana em que a penetração da rede móvel está sendo muito grande e a adesão também muito grande. A OMS, trabalhando com outros parceiros como a Unicef e também a União Internacional de Telecomunicação, vamos usando estes desenvolvimentos tecnológicos dentro da área de Comunicações como na expansão de usuários na banda larga para melhorar a cobertura universal da saúde tanto de populações em áreas remotas, usando a telemedicina e outras tecnologias de modo que possamos atingir aquela meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 3, que diz que toda a população do mundo possa se beneficiar de boa saúde.  

 

Hoje a digitalização faz parte do dia a dia e de cada momento de cada habitante no mundo. Algo mais que queira acrescentar em relação à saúde digital?

Eu só queria deixar a mensagem para todos os países que talvez não tenham o nível de desenvolvimento de alguns muitos países aqui da Europa, que esses países podem na verdade saltar aquele passo que muitos países desenvolvidos fizeram para, em termos de descobrir como, ou testar tecnologias. Países em desenvolvimento, na verdade, com esses guias da OMS, e com as novas tecnologias podem na verdade dar um passo muito maior em relação aos países que tiveram que passar por várias experiências, tiveram que ver o que funciona, o que não funciona. E eu penso que essa é uma grande vantagem para muitos países da África, muitos países em desenvolvimento, portanto que podem ter um grande passo na melhoria de seu sistema de saúde graças ao desenvolvimento tecnológico na área digital.

Entre abril e maio passados ocorreram as maiores interrupções nos serviços de planejamento
Unicef/ishwanathan
Entre abril e maio passados ocorreram as maiores interrupções nos serviços de planejamento

 

Você estaria falando também de áreas atingidas por emergências que agora poderão ter acesso a essa tecnologia em primeira mão?

Exatamente, estamos a falar de áreas que ainda têm, digamos, desafios na área de saúde primária. Então como podemos ultrapassar esses desafios na área de saúde primária, que podem ser definidos por falta de bons sistemas de gestão de estoque de medicamentos. Pode ser tanto a educação no valor da vacina, e todas essas áreas em que muitos países em desenvolvimentos ainda tem desafios. Então, usando a saúde digital, a tecnologia digital, ao implementar programas nessas situações em que ainda há problemas, digamos básicos, eles podem na verdade passar, dar um passo muito mais largo, de modo a não passar por esse espaço que muitos países desenvolvidos tiveram que passar. Com o apoio da OMS e a publicação desses guias podem ser beneficiar muito mais, de modo a que transitem num passo intermediário entre ter um sistema funcional e não ter um sistema funcional.