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Acnur alarmado com condições de refugiados e migrantes recém-chegados ao Iêmen

55% da população, 16 milhões de pessoas, não tem acesso a água segura e higiene básica.
Ocha/Giles Clarke
55% da população, 16 milhões de pessoas, não tem acesso a água segura e higiene básica.

Acnur alarmado com condições de refugiados e migrantes recém-chegados ao Iêmen

Migrantes e refugiados

País continua a ser destino de migração e trânsito para migrantes africanos, do extremo nordeste do continente, apesar da crise humanitária; agência da ONU afirma que relatos de extorsão, tráfico e deportação têm aumentado.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, está “profundamente preocupada” com o piorar da situação para refugiados, migrantes e candidatos a asilo chegados recentemente ao Iêmen.

O porta-voz do Acnur, William Spindler, disse que “conflito inabalável, deterioração das condições económicas e aumento da criminalidade estão a expor as pessoas a danos e exploração.”

Abusos

Segundo o Acnur, têm aumentado os relatos de extorsão, tráfico e deportação.

Spindler explicou que muitos migrantes “são presos, detidos, vítimas de abuso, e depois empurrados para o mar ou forçados a regressar usando os mesmos contrabandistas que os trouxeram.”  Em janeiro, mais de 50 somalis morreram afogados durante uma dessas operações.

A agência da ONU também registou casos de extorsão. Em março, um grupo de migrantes da Etiópia foi levado até à fronteira para ser deportado. Quando chegaram, foram detidos por contrabandistas, que exigiram US$ 700 das famílias para os libertar.

Detenções

Desde fevereiro, o Acnur tem acompanhado o caso de cerca de 100 pessoas que foram detidas quando chegaram ao país. A agência também acompanha “numerosos” relatos de abuso dentro dos centros de detenção, incluindo violências sexual e física.

Segundo o porta-voz, os sobreviventes descrevem “ser atingidos por tiros, espancados regulamente, violações de adultos e crianças, humilhação, incluindo nudez, ser forçados a testemunhar execuções sumárias, e privação de comida.”

O Acnur disse que as suas tentativas de intervir nestes casos têm sido em vão, devido às estruturas complexas de um país em guerra. A agência também pede acesso sem restrições às pessoas que precisam de ajuda.

Crise

A ONU considera a situação humanitária no Iêmen a pior do mundo, mas o país continua a ser um destino de migração e trânsito para os migrantes do extremo nordeste da África, que pretendem chegar à Península Árabe e além dela.

O Acnur tem alertado para os riscos de atravessar um país em guerra. No ano passado, lançou uma campanha com o título “Dangerous Crossings”, travessias perigosas, em português.

 

Apresentação: Alexandre Soares