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Refugiados somalis morrem numa perseguição a contrabandistas no Iémen

Maior risco é enfrentado por mulheres e crianças que são alvos da violência sexual e tráfico. Foto: OIM/Jennifer Sparks

Refugiados somalis morrem numa perseguição a contrabandistas no Iémen

Grupo de mais de 100 viajantes seguia para a costa do Sudão; sete homens e uma mulher perderam a vida no incidente; Acnur lança nova campanha para destacar perigos na rota; mais de 117 mil refugiados e migrantes chegaram ao território iemenita em 2016.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, confirmou esta terça-feira a morte de oito refugiados somalis que estavam numa embarcação que transportava migrantes do Iémen para a costa sudanesa.

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do Acnur, William Spindler, disse que os sete homens e uma mulher eram transportados por contrabandistas na sexta-feira, quando tentavam fugir da guarda costeira iemenita.

A área é uma mais mortíferas rotas de migrantes e refugiados do mundo.

Nova campanha

A agência anunciou uma nova campanha que destaca o que chama “horror” nas condições e riscos crescentes da travessia para o Iémen. Mais de 117 mil refugiados e migrantes chegaram ao território iemenita em 2016.

A iniciativa pretende aumentar a consciência e divulgar informações sobre os perigos da travessia do Golfo de Áden e do mar Vermelho para o país árabe a partir de África.

O diretor da agência para para o Médio Oriente e o norte da África disse haver uma catástrofe humanitária no Iémen. Para Amin Awad é preciso falar do assunto.

Decisões

O  responsável disse que o Acnur não descansa enquanto pessoas, principalmente jovens, estiverem a embarcar com contrabandistas após tomarem decisões não informadas sobre o Iémen e a situação de desespero e de perigo no país.

De acordo com a agência, muitos deles foram atraídos para a viagem perigosa de barco no alto mar em busca de proteção ou de melhores possibilidades de subsistência.

A agência expressou alarme com o fluxo migratório num país onde o conflito piora, aumenta o deslocamento e as incertezas com o futuro dos recém-chegados.

Entre os músicos da região que participam na iniciativa está a cantora e ex-refugiada egípcia Maryam Mursal.

Uma canção com mensagens-chave apela para uma reflexão antes da decisão de partida para o Iémen, onde mais de 7,7 mil pessoas morreram e 44 mil ficaram feridas na sequência da guerra iniciada em 2015.

Mais de 2 milhões de deslocados e 19 milhões de pessoas precisam de auxílio humanitário.

Violência

O conflito e a insegurança facilitam  ação das redes criminosas que visam os recém-chegados. O maior risco é enfrentado por mulheres e crianças que são alvos da violência sexual e tráfico.

Aos contrabandistas e às redes criminosas são atribuídos abusos físicos e sexuais tal como a privação de alimentos e de água, rapto, extorsão e trabalho forçado, detenções arbitrárias e deportações.

O acesso aos sistemas de asilo é “extremamente desafiador” para os recém-chegados em busca de proteção internacional em território iemenita que não podem registar pedidos ou documentar a sua presença principalmente no norte.

O Acnur refere que a insegurança e a guerra limitam a capacidade das organizações humanitárias de chegarem à população que precisa de ajuda humanitária.