Tribunal da ONU condena Karadzic a 40 anos de prisão por genocídio
Ex-presidente da República Srpska e comandante das forças armadas foi culpado de crimes contra a humanidade cometidos durante o conflito na Bósnia entre 1992 e 1995; Ban Ki-moon afirma ser “dia histórico para o povo da região”.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia condenou o ex-líder Radovan Karadzic a 40 anos de prisão. O órgão da ONU o considerou culpado por crimes contra a humanidade e genocídio, cometidos durante o conflito na Bósnia e Herzegovina entre 1992 e 1995.
Karadzic, que está com 70 anos, foi presidente da República Srpska e líder supremo de suas forças armadas. Ele foi considerado culpado pelo genocídio em Srebrenica em 1995 e por vários crimes ocorridos na Bósnia em 1992.
Dia Histórico
Ao divulgar a sentença, o tribunal citou o envolvimento de Karadzic na perseguição, no extermínio, no assassinato, na deportação, no terror e em ataques contra civis.
O secretário-geral das Nações Unidas reagiu à decisão desta quinta-feira e afirmou que seus pensamentos estão com as famílias das vítimas de Radovan Karadzic. Ban Ki-moon destacou ser um “dia histórico para o povo da região e também para a justiça criminal internacional”.
Missão
Para o chefe da ONU, o julgamento manda um “sinal forte para todos os líderes, de que serão responsabilizados por suas ações” e mostra aos “fugitivos que eles não podem evitar a missão da comunidade internacional, que é garantir que eles sejam julgados”.
Ban Ki-moon elogia a dedicação e o trabalho duro dos juízes e funcionários do Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia. Outro representante das Nações Unidas que comentou a decisão foi o alto comissário para os Direitos Humanos.
Poder
Zeid Al Hussein lembrou que 21 anos após ser acusado, o veredito é uma “poderosa manifestação do compromisso da comunidade internacional” em responsabilizar autores de crimes.
O alto comissário mencionou alguns dos crimes cometidos por Karadzic: “confinamento, estupros, tortura, assassinatos de milhares de pessoas, cerco em Sarajevo e destruição de templos muçulmanos e de igrejas católicas”.
Para Zeid Al Hussein, o julgamento tem um poder simbólico para vítimas do mundo todo. Segundo ele, nenhuma das 161 pessoas indiciadas pelo Tribunal Penal para a Ex-Iugoslávia conseguiram escapar da justiça.