Guterres: migrantes precisam de proteção contra traficantes
Numa coletiva de imprensa em Genebra, alto comissário da ONU para Refugiados também defende que pedidos de asilo sejam facilitados; António Guterres ressalta que crise será resolvida com “combate aos traficantes e proteção das vítimas”.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O alto comissário da ONU para Refugiados participou esta quarta-feira, em Genebra, de uma coletiva de imprensa, ao lado do ministro do Interior da França.
António Guterres e Bernard Cazaneuve falaram sobre a crise de migrantes que fogem para a Europa. O chefe do Acnur destacou que essas pessoas precisam de proteção contra traficantes humanos. Segundo o chefe do Acnur, 293 mil migrantes tentaram alcançar a Europa desde o começo do ano e 2.440 morreram na travessia pelo mar.
Asilo
Guterres defendeu também a criação de um sistema de pedidos de asilo, que funcione de forma adequada e permita aos migrantes se candidatarem de forma legal ao asilo em países da Europa.
Na avaliação do alto comissário da ONU, a maneira como o continente europeu está lidando com o fluxo de refugiados não é adequada. Ele pediu à Europa para acelerar e intensificar os esforços para resolver a crise de migrantes.
Recepção
António Guterres afirmou que é possível resolver a situação da seguinte maneira: “combatendo traficantes, protegendo as vítimas e colocando em prática um sistema que permita aos refugiados pedir asilo”.
Já o ministro do Interior da França defendeu a criação de um centro de recepção europeu onde a chegada das pessoas possa ser processada em “condições decentes” e seus pedidos avaliados da maneira correta.
Cazaneuze garantiu que França e Alemanha estão comprometidas em lidar com o fluxo de refugiados.
Financiamento
Outro problema destacado durante a conversa com os jornalistas em Genebra foi a falta de financiamento para ajudar sírios que buscaram refúgio em nações vizinhas, como Líbano e Turquia.
Segundo o alto comissário António Guterres, foi financiado até agora apenas 41% do plano de resposta, que tem o valor de US$ 4,5 bilhões. O Acnur calcula que mais de 4 milhões de sírios fugiram do conflito e estão vivendo em outros países da região.
Pobreza
A maioria está no Líbano, mas Jordânia, Iraque, Egito e Turquia também abrigam milhares de sírios. Um estudo recente da ONU descobriu que 70% dos sírios refugiados no Líbano vivem abaixo da linha nacional da pobreza, com apenas US$3,8 por dia.
De acordo com o levantamento, o total de refugiados da Síria que não têm comida suficiente aumentou 30%. Essas pessoas se veem obrigadas a pedir dinheiro nas ruas, a tirar seus filhos da escola ou usar crédito para comprar comida.
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