Equipa de direitos humanos investiga situação no Mali, a partir deste sábado
Durante duas semanas, grupo deve apurar relatos de violência retaliatória; agências falam de interrupção de vias de acesso e necessidade de retorno de agricultores com aproximar da éposa agrícola.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Escritório dos Direitos Humanos da ONU enviou uma equipa de especialistas que, a partir deste sábado, deve conduzir investigações no Mali.
Um comunicado refere que o país da África Ocidental continua motivo de grande preocupação, o que justifica a presença do grupo. Durante duas semanas, serão apurados relatos de alegados abusos, que incluem ações de violência retaliatória.
Violações
A deslocação dos peritos segue-se à presença de um grupo que documentou relatos de violações como execuções extrajudiciais e casos de estupro e de tortura, em Novembro do ano passado. Os resultados das duas investigações devem ser publicados na sessão do Conselho dos Direitos humanos, em Genebra, no fim deste mês.
O país está a recuperar do conflito que envolveu o governo, forças aliadas e milícias islamitas, após o golpe de Estado e a tomada do norte pelos rebeldes. Estima-se que os confrontos levaram à fuga de 400 mil pessoas para o exterior.
Movimentos
Outra preocupação levantada pelas Nações Unidas é relacionada com a distribuição alimentar, o aumento de preços e a interrupção de serviços. O Programa Mundial da Alimentação, PMA referiu-se à escassez de bens de primeira necessidade devido à movimentação limitada nas áreas afetadas.
A agência anunciou que mais de 1 mil toneladas de alimentos e bens de primeira necessidade foram distribuídas no norte, desde princípio do mês, transportados por barcos pelo rio Níger.
Época Agrícola
A Organização da ONU para Agricultura e Alimentação, FAO falou da necessidade urgente de ajudar os agricultores deslocados a retornar às suas terras e retomar a produção.
O alerta surge com o aproximar da temporada agrícola, que deve iniciar em Maio, e abrange os locais onde tenha ocorrido uma evolução da segurança.
Confrontos
A agência refere que dentro do país já tinham sido registados mais de 229 mil desalojados acrescidos aos mais de 10 mil que fugiram para o sul, devido à intensificação de confrontos em Janeiro.
Após conversações com o ministro maliano da Agricultura, Baba Berthe, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, abordou a melhoria na situação de segurança e a necessidade garantir resistência dos pequenos agricultores.
Deslocamento
Prevê-se que no sul do país surjam mais de 1 milhão de pessoas em situação de insegurança alimentar, a juntar-se aos cerca de 2 milhões que já passavam pelo problema devido a vários fatores nos últimos dois anos.
Entre as razões estão os efeitos da crise de alimentos e a segurança nutricional devido à combinação de seca, aumento de preços de cereais e a degradação ambiental, aliados ao deslocamento interno.