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Exclusiva: novo diretor-geral da OIM, António Vitorino

António Vitorino, de Portugal, é eleito novo diretor-geral da OIM

Quero mostrar que a migração pode ser um processo que tem vantagem para todas as sociedades, de origem, de trânsito, e de destino, mas sobretudo para os próprios migrantes

António Vitorino , diretor-geral da OIM

Foto: OIM
António Vitorino, de Portugal, é eleito novo diretor-geral da OIM

Exclusiva: novo diretor-geral da OIM, António Vitorino

Migrantes e refugiados

Os países-membros da Organização Internacional para Migrações, OIM, elegeram nesta sexta-feira o português António Vitorino como o novo diretor-geral da agência.

Advogado e ex-ministro da Defesa,  António Vitorino começará a chefiar a OIM no dia 1° de outubro. Ele substituirá o americano William Lacy Swing, que foi diretor da OIM na última década.

Momentos após a sua eleição, em Genebra, o novo chefe da OIM contou quais serão as prioridades e desafios para o mandato de cinco anos. Acompanhe a entrevista conduzida  por Alexandre Soares.


ONU News (ON): António Vitorino é o novo diretor-geral da Organização Internacional para Migrações. Muito obrigado por falar com a ONU News. Quais são as suas prioridades para esta organização?


António Vitorino (AV): Há três objetivos fundamentais. Estar à altura das responsabilidades que vão ser dadas à OIM na implementação do Pacto Global Sobre as Migrações, que está neste momento a ser discutido e que será concluído até ao fim do ano. A segunda é de continuar a ser uma organização extremamente presente no terreno para apoiar os imigrantes. E, nesse sentido, responder aos pedidos e às necessidades dos Estados-membros para que os direitos humanos dos imigrantes sejam respeitados e seja garantida a sua segurança e bem-estar. E, em terceiro lugar, apontar para o desenvolvimento de ações que estabeleçam a ligação entre as migrações e o desenvolvimento, tal como está estabelecido na Agenda 2030 e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.


ON: Qual é a importância de eleger um europeu para este cargo numa altura em que o continente atravessa um debate tão sensível?


AV: Nesse sentido, acho que foi uma candidatura que não teve como objetivo representar nem um país, nem um continente, mas sim construir pontes. Pontes de convergência, criar um ‘common ground’ entre países que têm diferentes perspetivas, países de origem, de destino, de trânsito dos fluxos migratórios, para garantir a regulação dos fluxos migratórios, o combate à imigração irregular e ao tráfico de seres humanos. E mostrar que a migração pode ser um processo que tem vantagem para todas as sociedades, de origem, de trânsito, e de destino, mas sobretudo para os próprios migrantes. 


ON: É o seu grande desafio?


AV: Acho que tenho uma experiência pessoal, profissional e, se me permite que lhe diga, também enquanto português. Acho que tenho algumas características que permitem ouvir diferentes perspetivas, que permitem respeitar todas as opiniões, e tentar contribuir para construir pontos de aproximação, pontos de ligação e, assim, contribuir para resolver alguns dos problemas com que está confrontada a comunidade internacional, num setor politicamente tão sensível como o das migrações.