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Moçambique deve pesquisar “casos recentes de mutilação genital feminina”

Moçambique deve pesquisar “casos recentes de mutilação genital feminina”

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Apelo é de ONG parceira da ONU mulheres e Unicef que cita casos em comunidades de migrantes; coordenadora da Wlsa-Moçambique aponta fala de incapacidade de atuar sobre a realidade social e cultural.

Agências das Nações Unidas defendem que criar um mundo melhor e mais saudável para todos passa por abolir práticas como a mutilação genital feminina ainda nesta geração.

A prática merece um estudo aprofundado para melhor precaução em Moçambique, segundo uma entidade parceira da ONU mulheres e do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, na área dos direitos femininos.

Comunidade

Em conversa com a ONU News em Maputo, a coordenadora nacional da Wlsa-Moçambique, Terezinha da Silva, afirmou que há sinais recentes de pessoas envolvidas na prática nefasta.

“Já há casos conhecidos mas não ainda investigados na zona norte, na zona onde estão os imigrantes provenientes do norte de África, à uns anos dois casos que foram também detetados em Inhambane, mas como disse, nós temos que investigar a fundo esta situação, e geralmente é entre comunidade muçulmana e entre as famílias que vêm do norte de África.”

Para combater o procedimento que envolve a alteração ou ferimento dos órgãos genitais por razões que não sejam médicas, assinala-se este 6 de fevereiro o Dia Internacional de Tolerância à Mutilação Genital Feminina.

De acordo com as Nações Unidas, mais de 200 milhões de meninas e mulheres, em todo mundo, já foram sujeitas a estas práticas que violam os direitos humanos.

Nível 4

Terezinha da Silva mencionou que o nível 4 como o mais frequente da mutilação genial feminina em Moçambique. A Organização Mundial da Saúde, OMS, devido ao alongamento dos lábios vaginais. A prática é usual em crianças com idades entre os quatro e oito anos.

“O que se diz é que o alongamento dos lábios é para dar o prazer ao homem; estimular a ereção para sentir sexualmente satisfeito. Quando se dá o ato sexual, o lábio entra dentro do orifício vaginal, fica mais curto e se diz que da maior prazer ao homem porque leva apertar o pénis do parceiro sexual e faz também para seguir a tradição, quem não o faz não é considerada mulher.”

Desafios

A Wlsa declara que os desafios são vários apesar de Moçambique apresentar uma legislação favorável à defesa dos direitos da criança, da menina e da mulher e rapariga.

Para ela, o problema não está na insuficiência das leis, mas na incapacidade de atuarem sobre a realidade social e cultural.

Como explicou, a nível da magistratura e das organizações há dificuldades em conciliar a cultura com a exclusão dos direitos humanos.

Photo Credit
Mais de 200 milhões de meninas e mulheres em todo mundo já foram sujeitas a práticas nefastas. Foto: Ouri Pota.