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Fome pode acirrar conflitos e estratégias da FAO evitam crises

Fome pode acirrar conflitos e estratégias da FAO evitam crises

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Chefe da agência da ONU apresenta aos membros do Conselho de Segurança maneiras de combater a insegurança alimentar e alcançar a paz duradoura; José Graziano da Silva menciona programa de transferência de renda.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

Melhorar a segurança alimentar pode ajudar países em conflito a alcançar a paz sustentável, segundo o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.

José Graziano da Silva esteve em Nova York esta terça-feira, explicando aos representantes do Conselho de Segurança o papel da fome em confrontos. O debate a portas fechadas foi organizado pelas missões de Angola e da Espanha na ONU.

Estabilidade

Após o encontro, o chefe da FAO conversou com a Rádio ONU e explicou mais sobre a relação entre insegurança alimentar e conflitos violentos.

“O fato de você ter uma situação aguda de fome ou de insegurança alimentar generalizada acirra os conflitos. Acirra o conflito pela terra, acirra o conflito pela água e acirra o conflito pelo alimento. Uma situação de segurança alimentar ajuda muito a conseguir uma estabilidade política e social em um país.”

José Graziano da Silva lembra que a FAO conhece as estratégias para prevenir essas crises. São medidas que a própria agência já coloca em prática, apoiando governos de países da África e do Oriente Médio, por exemplo.

Renda 

“Temos procurado atacar o problema da subnutrição. Há uma deterioração muito rápida da alimentação, sobretudo das crianças e mulheres, então esses dois grupos são prioritários na assistência que a gente dá. O nosso modelo predileto de intervenção tem sido através de programas de transferência de renda. Esses programas são os que dão resultado mais rápido. Mesmo naquelas áreas de conflito, quando você entrega o dinheiro para a mulher principalmente, ela encontra um jeito de comprar alimentos.”

Outra medida é ajudar os agricultores de pequena escala, com a distribuição de sementes, como a agência da ONU faz na Síria, por exemplo. Apesar de muitos produtores terem abandonado suas terras, os que permaneceram conseguem plantar e colher dois terços dos níveis de trigo de antes da crise.

Segundo a FAO,  a fome tem três vezes mais chances de acontecer em países em conflito, sendo que as nações mais afetadas pela insegurança alimentar são aquelas que passam por confrontos.

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Mulher prepara comida no Sudão do Sul. Foto: FAO/Sudão do Sul