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Inundações no Afeganistão representam uma ameaça urgente e persistente para crianças

Mais de 400 casas foram destruídas por chuvas fortes e inundações repentinas na província de Ghor, no Afeganistão, deixando centenas de crianças sem casa ou pertences.
© UNICEF/Mark Naftalin
Mais de 400 casas foram destruídas por chuvas fortes e inundações repentinas na província de Ghor, no Afeganistão, deixando centenas de crianças sem casa ou pertences.

Inundações no Afeganistão representam uma ameaça urgente e persistente para crianças

Ajuda humanitária

Fundo da ONU para Infância pede mais investimento na preparação para desastres e na resiliência climática no Afeganistão; recentes inundações são um grave aviso de possíveis riscos climáticos futuros.

Dezenas de milhares de crianças no Afeganistão continuam sendo afetadas pelas inundações repentinas, especialmente nas províncias de Baghlan e Badakhshan, no norte, e na província de Ghor, no oeste. 

As enchentes mais recentes causaram a morte de quase 350 pessoas, incluindo pelo menos uma dúzia de crianças. Mais de 7,8 mil casas foram danificadas ou destruídas e mais de 5 mil famílias foram deslocadas.

Resposta humanitária

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, transportou água potável, distribuiu kits de higiene e mobilizou promotores para educar as comunidades sobre lavagem das mãos e armazenamento de água potável após o desastre. 

Além disso, a agência mobilizou equipes móveis de saúde e nutrição para tratar os feridos e doentes, e trouxe roupas quentes, cobertores, utensílios domésticos e equipamentos de cozinha para as famílias que perderam seus pertences. 

O Unicef também forneceu assistência imediata em dinheiro por meio de seu mecanismo de resposta rápida para ajudar as famílias a se recuperarem e suprirem suas necessidades básicas. 

Uma avó se senta com seus três netos que ficaram feridos quando inundações repentinas atingiram seu vilarejo na província de Baghlan, no Afeganistão.
© Unicef/Osman Khayyam
Uma avó se senta com seus três netos que ficaram feridos quando inundações repentinas atingiram seu vilarejo na província de Baghlan, no Afeganistão.

Crise climática

O recente clima extremo no Afeganistão tem todas as características da intensificação da crise climática, sendo que algumas das áreas afetadas sofreram com a seca no ano passado. 

Os relatórios sugerem que os eventos climáticos extremos no país estão aumentando em frequência e ferocidade, resultando na perda de vidas e meios de subsistência e em danos significativos à infraestrutura.

Para o representante do Unicef no Afeganistão, Tajudeen Oyewale, a comunidade internacional deve redobrar os esforços e investimentos para apoiar as comunidades a aliviar e se adaptar ao impacto das mudanças climáticas sobre as crianças. 

Ele adiciona que a agência e a comunidade humanitária devem se preparar para uma nova realidade de desastres relacionados ao clima. O número e a gravidade crescentes de eventos climáticos extremos exigirão intervenções humanitárias ainda mais rápidas e em larga escala. 

Em sua avaliação, isso só será possível com medidas de preparação reforçadas, como o pré-posicionamento de suprimentos de emergência e coordenação com os parceiros.

Os suprimentos são preparados para distribuição após as enchentes no nordeste do Afeganistão.
© Unocha
Os suprimentos são preparados para distribuição após as enchentes no nordeste do Afeganistão.

Afeganistão em risco

Tajudeen Oyewale afirma que o Unicef deve se concentrar simultaneamente na construção da resiliência das comunidades para se adaptarem aos choques climáticos e ambientais, a fim de reduzir sua dependência da ajuda humanitária.

O Afeganistão ocupa a 15ª posição entre 163 nações no Índice de Risco Climático para Crianças de 2021 do Unicef. Os choques e estresses climáticos e ambientais são predominantes em todo o país e as crianças afegãs são particularmente vulneráveis a seus efeitos em comparação com outras partes do mundo. 

Embora os menores do Afeganistão sejam particularmente vulneráveis aos efeitos da mudança climática, o país está entre os menos responsáveis pela criação do problema. Em contraste, os 10 nações  que mais emitem CO2 são responsáveis, em conjunto, por quase 70% das emissões globais.

"Chuvas fortes não devem significar um desastre imediato para as crianças do Afeganistão", disse Oyewale. 

O representante afirma que é importante priorizar as necessidades específicas das crianças na tomada de decisões e atender a essas necessidades agora para proteger as crianças de futuros desastres. Ao mesmo tempo, ele pediu investimento nos serviços básicos dos quais elas dependem.