ONU quer maior resposta à crise humanitária no Afeganistão
Apelo aos doadores é para que se comprometam em “transformar promessa em realidade”; agências e parceiros estão em corrida contra o tempo com a aproximação do inverno; em setembro, mais de 3,8 milhões de civis receberam ajuda alimentar.
Agências das Nações Unidas e ONGs que prestam serviços no Afeganistão estão numa “corrida contra o tempo” para entregar ajuda e já deixar itens essenciais pré-posicionados antes da chegada do inverno no país.
O Escritório da ONU para Coordenação de Assistência Humanitária, Ocha, anunciou esta quarta-feira que no mês de setembro, mais de 3,8 milhões de afegãos tiveram ajuda alimentar. Mais de 21 mil crianças e 10 mil mulheres foram tratadas para desnutrição e 32 mil pessoas receberam cobertores e roupas de invernos.
Economia à beira do colapso

Além disso, 10 mil crianças tiveram atividades educacionais, 450 mil civis tiveram acesso a cuidados de saúde, 186 mil pessoas afetadas pela seca receberam água e 160 mil agricultores receberam apoio.
A população do Afeganistão vem sofrendo com décadas de conflito, pobreza crônica, seca severa, uma economia à beira do colapso, além dos impactos da pandemia de Covid-19.
O Ocha explica que a ONU e parceiros não estão medindo esforços para ultrapassar desafios logísticos, falta de dinheiro e uma situação geopolítica muito complexa.
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Em meados de agosto, o movimento Talibã assumiu o controle do país, mas segundo o Ocha, a situação humanitária no Afeganistão já era uma das piores do mundo desde o início do ano. Quase metade da população, ou 18,4 milhões de pessoas, já dependiam de assistência. Cerca de 3,5 milhões de civis ficaram desalojados com o conflito.
O Apelo Humanitário para o Afeganistão foi lançado há um mês, com a promessa de US$ 606 milhões para fornecer assistência básica a 10,8 milhões de afegãos vulneráveis. Apesar de toda a atenção do mundo para a situação do país, apenas 35% do valor foi financiado até agora.
O Ocha destaca que países e doadores precisam, com urgência, transformar a promessa de ajuda financeira em realidade, “antes que seja tarde demais”.
Aos países-membros da ONU, o pedido é para que autorizem isenções fiscais e assim, garantam que as doações de dinheiro cheguem mais depressa às organizações que trabalham no Afeganistão.
Sem ação rápida, o Ocha teme que a situação no país piore em 2022, por isso o apelo para se evitar, desde já, uma “catástrofe humanitária”.