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Violência na RD Congo tem potencial de expansão além-fronteiras

Representante pediu aos Estados-membros do Conselho que façam todo o possível para evitar que os combates na província do Kivu do Norte se espalhem
Monusco/Michael Ali
Representante pediu aos Estados-membros do Conselho que façam todo o possível para evitar que os combates na província do Kivu do Norte se espalhem

Violência na RD Congo tem potencial de expansão além-fronteiras

Paz e segurança

Chefe da Missão da ONU na República Democrática do Congo pede ao Conselho de Segurança que faça o que estiver ao alcance para evitar a situação; violência  que matou dezenas ocorre em meio à preparação de saída este ano da operação de paz.

Combates entre o Exército e o grupo armado M23 agravam ainda mais a situação humanitária no leste a República Democrática do Congo, RD Congo.

A representante especial do secretário-geral no país, Bintou Keita, disse na terça-feira ao Conselho de Segurança que o envio de tropas congolesas para confrontar os rebeldes acentuou o vazio de segurança noutros territórios no Kivu do Norte.

Novos combatentes do Kivu do Sul

Situação no leste congolês é tida como uma das crises mais complexas e prolongadas do mundo
© Unicef/Jospin Benekire
Situação no leste congolês é tida como uma das crises mais complexas e prolongadas do mundo

Falando em videoconferência, de Kinshasa, a também chefe da Missão da ONU na RD Congo, Monusco, sublinhou  que a medida das autoridades atraiu novos combatentes do Kivu do Sul. Nesse cenário também atuam os rebeldes das Forças de Defesa Aliadas, ADF.

Desde dezembro pioraram as violações e abusos dos direitos humanos, “incluindo execuções sumárias, raptos, apropriação de propriedade, extorsão e violência sexual relacionada com conflitos.”

Bintou Keita manifestou “profunda preocupação” com a gravidade dos abusos cometidos em áreas controladas pelo M23, onde os alvos são ativistas de direitos humanos, jornalistas e outros representantes da sociedade civil. Pelo menos 150 pessoas foram mortas desde novembro, sendo que 77 somente em janeiro.

A representante pediu aos Estados-membros do Conselho que façam todo o possível para evitar que os combates na província do Kivu do Norte se espalhem além-fronteiras.

Agências, fundos, programas e Monusco 

Na capital congolesa várias agências, fundos, programas e instalações da Missão da ONU foram alvo de 11 incidentes que afetaram 32 trabalhadores. A chefe da Monusco disse a que o pessoal foi retirado ou resgatado. Pelo menos dois veículos foram incendiados. 

De acordo com a enviada “é crucial realçar o risco de uma expansão do conflito à escala regional, se falharem os esforços diplomáticos em busca de acalmar as tensões e encontrar soluções políticas sustentáveis ​​para o conflito.”

Desde dezembro pioraram as violações e abusos dos direitos humanos na RD Congo
© Acnur/Blaise Sanyila
Desde dezembro pioraram as violações e abusos dos direitos humanos na RD Congo

Com cerca de três décadas, a situação no leste congolês é tida como uma das crises mais complexas e prolongadas do mundo. A mais recente onda violência  acontece em meio à preparação da saída  da Monusco prevista para este ano. O país enfrenta ainda inundações históricas que afetam cerca de 2 milhões de pessoas.

A situação é “profundamente preocupante” em torno da cidade de Sake e da capital da província do Kivu do Norte, Goma. Nas últimas semanas, os combates intensificaram-se em diversas áreas e expandiram-se mais para sul provocando mais deslocamentos  em direção à cidade e à província vizinha de Kivu do Sul.

Aumento dramático nos casos de cólera

Keita destacou que as condições nos locais que abrigam deslocados são de desespero. Esses acampamentos estão frequentemente superlotados dentro e ao redor de Goma.

Estima-se que 400 mil deslocados já procuraram refúgio na cidade, incluindo 65 mil nas últimas duas semanas. A situação causou “uma alta dramática dos casos de cólera devido à falta de água potável, higiene adequada e saneamento.”

O acesso restrito aos territórios controlados pelo M23 isola Goma de áreas do interior e perturba a produção de alimentos e as cadeias de abastecimento. Os preços dos produtos básicos estão a subir, aumentando o risco de agitação pública.