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Ao assumir Conselho de Segurança, Brasil aposta em diálogo para ações eficientes

Brasil assume a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em meio a diversas crises e situações de instabilidade em nível global
ONU/Eskinder Debebe
Brasil assume a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em meio a diversas crises e situações de instabilidade em nível global

Ao assumir Conselho de Segurança, Brasil aposta em diálogo para ações eficientes

Paz e segurança

País preside rotativamente o órgão em outubro e vê oportunidade para construir pontes que facilitem o diálogo; prioridades incluem resolução pacífica de conflitos e papel das mulheres na paz e segurança; embaixador brasileiro fala em gestão “transparente, inclusiva e aberta”.

Neste mês de outubro, o Brasil assume a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em meio a diversas crises e situações de instabilidade em nível global. 

Em entrevista exclusiva para a ONU News, em Nova Iorque, o embaixador Sérgio França Danese afirmou estar confiante de que o país terá sucesso no “esforço de construir pontes” que facilitem o diálogo para obter resultados na ação do órgão. 

Empenho para gerar eficiência

“Nós estamos muito empenhados em mostrar como o Brasil no Conselho de Segurança é capaz de trabalhar pelo consenso, de trabalhar pela solução das questões, de trabalhar pelo diálogo, pela conciliação e pela eficiência do Conselho em tratar dos temas que lhe são afetos. Eu acho que essa é uma oportunidade muito grande que nós estamos tendo para mostrar como o Brasil pode dar uma contribuição muito eficaz aos trabalhos do Conselho de Segurança.”   

Danese afirmou que a gestão do país será “transparente, inclusiva e aberta”. Ele ressaltou que a presidência brasileira contribuirá em temas como resolução pacífica de conflitos e papel das mulheres na paz e segurança. 

Falando a jornalistas na sede da ONU, o embaixador informou que no dia 20 de outubro, o país promove o evento “Paz através do Diálogo: a Contribuição dos Acordos Regionais, Sub-regionais e Bilaterais para a Prevenção e Resolução Pacífica de Disputas”. 

Segundo ele, o objetivo é explorar como os países podem “alcançar a paz e garantir a segurança através da diplomacia e da vontade política.”

Presença do chanceler brasileiro

No dia 25, o Brasil irá conduzir o Debate Aberto de Alto Nível anual sobre Mulheres na Paz e Segurança. O evento abre espaço para um balanço dos progressos realizados neste ponto da agenda, com base no último relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres.

O diplomata disse que na ocasião, o Brasil “aproveitará para prestar homenagem a uma grande mulher brasileira, Dra.Bertha Lutz, uma das seis mulheres que foram delegadas na Conferência de São Francisco de 1945, onde foi assinada a Carta da ONU.”

Tanto a atividade do dia 20 como a do dia 25 serão presididas pelo ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Durante o período, ele dirigirá quatro reuniões do Conselho de Segurança, incluindo debates abertos sobre a situação no Oriente Médio e no Haiti. 

Na entrevista para a ONU News, Danese comentou sobre a importância que os países lusófonos estão tendo no Conselho de Segurança. Além do Brasil, Moçambique também está presente no órgão e organiza uma visita de embaixadores à África a partir desta terça-feira. O encontro debaterá a situação regional com o Conselho de Paz e Segurança da União africana. 

Moçambique, outro país de língua portuguesa que faz parte do órgão, também já presidiu as sessões
ONU/Manuel Elias
Moçambique, outro país de língua portuguesa que faz parte do órgão, também já presidiu as sessões

Contribuição lusófona ao multilateralismo

“É uma grande felicidade estar com Moçambique no Conselho. Eu acho que isso mostra justamente o empenho dos países lusófonos em ter uma participação efetiva, construtiva, em todos os órgãos das Nações Unidas e muito especialmente no Conselho de Segurança. Nós temos uma imensa felicidade de estar sentando lado a lado com Moçambique e trazendo os temas que são do interesse dos países lusófonos, tanto na nossa região quanto na África. Eu acho que isso tem sido muito construtivo e nós continuaremos de qualquer maneira a trabalhar, independentemente de estarmos ou não no Conselho, por essa grande aproximação entre o nosso país e os países africanos dentro do conjunto da comunidade lusófona. Eu acho que essa é uma grande contribuição que nós damos ao multilateralismo, à paz, à segurança, ao desenvolvimento sustentável e aos direitos humanos.”

O embaixador enfatizou que “outubro é um dos meses mais pesados ​​em termos de atividade regular do Conselho.” 

Ele citou várias renovações de mandatos, incluindo as missões de assistência da ONU na Somália e na Líbia e a Missão para o Referendo no Sahara Ocidental. Além disso, o órgão tomará decisões sobre sanções aplicadas ao Haiti, à Colômbia e à Líbia.

Outros destaques da agenda mencionados por Danese foram a reunião anual com a presidência da Corte Internacional de Justiça e o briefing anual do alto comissário de Refugiados, Filippo Grandi.